Por Catarina Rodrigues




"A Faculdade de Ciências da Saúde foi o maior projecto de desenvolvimento dos últimos anos"

Urbi @ Orbi- Após 17 anos como vê hoje o papel da Universidade da Beira Interior na cidade e na região?
Manuel José dos Santos Silva-
Se fizermos o balanço, não só de 17 anos como Universidade mas também das instituições que a precederam, o Instituto Universitário e o Instituto Politécnico, o impacto é bem visível. O mais importante é que contribuímos para a fixação de massa cinzenta e de meios humanos qualificados na região. A criação de instituições de Ensino Superior fora dos grandes centros urbanos foi provavelmente a decisão política que mais contribuiu, não só para impedir a desertificação de todo o Interior de Portugal, mas também para promover o desenvolvimento destas regiões.
A UBI preocupou-se sempre com a região envolvente. Quando passámos de Instituto Politécnico a Instituto Universitário da Beira Interior, propusemos que este fosse alargado à Guarda, Castelo Branco e Fundão o que acabou por não acontecer. Quando iniciámos a Faculdade de Ciências da Saúde decidimos apoiar-nos desde a primeira hora nos Hospitais da Guarda e Castelo Branco e na rede de Centros de Saúde da região. O impacto tem sido extremamente positivo. No caso particular da Covilhã houve uma recuperação urbanística notável. A Covilhã é hoje uma cidade universitária e de serviços, desenvolveu-se o comércio. Quando os alunos da UBI estão de férias isso nota-se em toda a cidade.

U@O- A Faculdade de Medicina veio dar um novo dinamismo à Universidade?
MJSS-
A Faculdade de Ciências da Saúde foi o maior projecto de desenvolvimento dos últimos anos. Não podemos atrair meios humanos qualificados para o Interior se não oferecermos boas condições de saúde à população.
É claro que pelo que movimenta a própria medicina, o impacto é enorme mas julgo que embora se comece a notar já, só daqui por uns anos é que será mais visível.

U@O- Qual o ponto da situação das futuras instalações junto ao Hospital Pêro da Covilhã?
MJSS-
O projecto está feito, foi revisto e enviado à Direcção Geral do Ensino Superior, que deu um parecer favorável, depois foi submetido ao ministro da tutela. Esperemos que esteja para breve o despacho que autoriza a abertura do concurso público internacional.

U@O- No dia da UBI a Câmara da Covilhã vai ceder terrenos para a Faculdade de Ciências da Saúde e também para o Departamento de Aeronáutica?
MJSS-
Serão atribuídos à UBI dois lotes de terreno no Pólo 3, ou seja no Pólo das Ciências da Saúde. Para além disso já recebemos o ofício da Câmara da Covilhã que nos doou um lote de terreno no aeródromo para construir um hangar. A finalidade será instalar, nesse espaço, uma parte do Departamento de Ciências Aeroespaciais. Desta forma podem ser promovidas actividades de investigação e sobretudo uma maior ligação a empresas do sector, desenvolvendo actividades no domínio da aeronáutica. Julgo que é uma mais valia para a Universidade, mas também para a Covilhã e para a região. O Departamento de Ciências Aeroespaciais colabora com diferentes empresas no domínio do aeroespacial e por vezes necessita de instalações junto ao aeródromo para a realização de determinado tipo de ensaios. A UBI irá fazer tudo para que a construção do hangar se inicie ainda este ano.

U@O- O futuro da Universidade poderá passar pela criação de Pólos noutras cidades da região?
MJSS-
Primeiro a lei proíbe essa situação e hoje o Ensino Superior não está em fase de expansão. Uma Universidade é um local onde acima de tudo se cria saber e para isso é necessário termos massa crítica, desenvolver investigação, ter laboratórios bem apetrechados e uma boa biblioteca. Teríamos feito os pólos que há pouco mencionei, na Guarda, Castelo Branco e Fundão, mas isso faz parte do passado. O Governo da altura não foi isso que quis. Hoje temos que ter um outro papel, articulado com as instituições de Ensino Superior que estão nessas cidades.




"A Arquitectura é um curso estruturante"

U@O- A UBI anunciou a intenção de abrir quatro novos cursos: Cinema, Arquitectura, Design Industrial e Serviço Social. O cinema é uma intenção que já vem do ano passado, acredita na promessa do ministro em abrir o curso este ano?
MJSS-
O Cinema já foi criado o ano passado, foi registado e não nos foram atribuídas vagas. Estou confiante que será este ano. O ministro prometeu e o prometido é devido. No que diz respeito às outras licenciaturas, elas estão já registadas pelo Ministério. Fizemos uma proposta ao ministro da Ciência e do Ensino Superior de atribuição de vagas. De uma forma geral podem ser atribuídas vagas a estes cursos fazendo uma transferência de outras licenciaturas da própria Universidade. Estrategicamente temos ficado com algumas vagas por preencher nos últimos anos e propusemos ao ministro uma transferência de outros cursos de modo a viabilizar os novos.

U@O- Porquê o curso de Arquitectura?
MJSS-
A Arquitectura é um curso estruturante. Se me disser que já são oferecidas demasiadas vagas em Arquitectura em Portugal, eu respondo que é verdade, mas nas Universidades Privadas e não nas Universidades Públicas. Se fizermos uma análise do que se passa no domínio da Arquitectura, todas as escolas desta área estão nos grandes centros urbanos. A Faculdade de Arquitectura mais próxima está em Valladolid e portanto do outro lado da fronteira. Fizemos um estudo sério e concluímos que a região do Interior do País está extremamente carenciada no que diz respeito ao reordenamento do território e aos aspectos relacionados com a recuperação do património. Faz todo o sentido criarmos um curso de Arquitectura dentro do Departamento de Engenharia Civil para que exista uma ligação forte entre os dois cursos. Um arquitecto e um engenheiro civil estão praticamente condenados a trabalhar em equipa.

U@O- A UBI tem as infra-estruturas e o corpo docente necessário para as novas licenciaturas?
MJSS-
A Universidade da Beira Interior tem infra-estruturas, corpo docente qualificado e laboratórios bem equipados. Ganhámos um certo know how porque o Departamento de Engenharia Civil tem um ramo de Planeamento e Urbanismo. Temos vários arquitectos no corpo docente. É por isso um curso estruturante para a Universidade e para a região. É uma licenciatura que anda no domínio das artes e até das tecnologias, áreas onde o Ministério quer manter o número de vagas.

U@O- Um dos pontos mais importantes das instituições do Ensino Superior prende-se com a investigação. Como está a UBI a esse nível?
MJSS-
A UBI deu um salto enorme no domínio da investigação nos últimos tempos.
Basta dizer que neste momento temos 183 doutorandos inscritos na nossa Universidade. Isto quer dizer qualquer coisa. Claro que temos doutorandos que não são nossos docentes, como é evidente. Mais de 40 por cento do nosso corpo docente é doutorado e 45 por cento está em formação. Dos 198 elementos que estão em formação, 151 estão em doutoramento, 39 em mestrado e oito estão a preparar as provas de aptidão pedagógica e capacidade científica.
Isto vem demonstrar o dinamismo que se criou na Universidade e no desenvolvimento da investigação. Praticamente todos os dias chega um ou mais projectos aprovados. INTERREG, Fundação para a Ciência e Tecnologia e projectos de investigação que desenvolvemos com empresas e instituições públicas e privadas. Julgo que se criou um dinamismo muito bom na UBI no domínio da investigação e da criação de saber.

U@O- O ministro Pedro Lynce anunciou as medidas para a reformulação do Ensino Superior. As propinas terão um valor máximo de 770 euros, mas serão as universidades a fixar os valores cobrados aos estudantes. Concorda com esta decisão?
MJSS-
Mais importante seria que o Ministério fixasse valores de propinas por áreas científicas, ou por áreas estratégicas. Um curso de Medicina não custa o mesmo que um curso de Letras. Mas por sua vez, o que um estudante de Medicina investe tem um retorno muito mais rápido do que o de um licenciado em Letras ou em Ciências Sociais e Humanas.
Era este tipo de análise que é necessário fazer quando se pensa em aumentar as propinas. As instituições não vão ter outra alternativa senão fixar a propina máxima, a Universidade da Beira Interior e as outras. O facto de 96 por cento do Orçamento de Estado transferido ser para salários demonstra bem qual é a situação financeira das universidades. Isto é uma forma de dizer que não é o Governo a fixar mas sim a instituição, é passar o ónus do ministro para o reitor.
Quero que a UBI seja, cada vez mais, uma instituição de prestígio a nível nacional e internacional. Para manter o nível de qualidade, o financiamento do Estado não é suficiente. O Governo está a pedir às famílias e aos estudantes uma participação maior nos custos do Ensino Superior.
Não me agrada que seja a instituição a fixar os valores a serem pagos pelos alunos. Julgo que seria preferível o Ministério da Ciência e do Ensino Superior fazer isso por áreas científicas. Por exemplo, suponha que uma universidade do litoral que tem possibilidade de captar alunos que estão à porta até pode fixar uma propina inferior à Universidade da Beira Interior. Fará algum sentido que um aluno a frequentar um curso da mesma área científica pague propinas diferentes? Não faz sentido.

U@O- A UBI irá então aplicar a propina máxima?
MJSS-
É evidente que o Senado é o órgão onde tal se irá discutir. Já ultrapassámos 96 por cento do orçamento de Estado em pessoal e apesar da dinâmica da UBI na captação de receitas próprias, perante uma maior desresponsabilização do Estado no financiamento das instituições, milagres ninguém os faz. De salientar que o funcionamento dos Departamentos da Universidade assenta em receitas próprias.

"Não podemos deixar que um aluno fique dez e 12 anos na Universidade à custa dos impostos do cidadão"

"Temos que pedir responsabilidades aos estudantes pelo seu processo de aprendizagem"

U@O- Não teme que os alunos optem pelas universidades privadas, em vez das instituições do Interior do País?
MJSS-
Temo que os alunos optem pelo privado. Uma Universidade como a nossa só tem uma hipótese de sobreviver. É afirmar-se pela qualidade e pela diferença. Se não adoptássemos esta política, há alguns anos atrás, estaríamos numa situação muito difícil. Ainda há pouco tempo tínhamos 20 por cento de alunos de primeira e segunda opção. Este ano temos 70 por cento. Os alunos vieram para a UBI porque reconhecem que existe aqui qualidade de ensino. As famílias vão interrogar-se e em determinados casos é possível que optem pela privada.

U@O- Os alunos que chumbam serão penalizados. Como é que será aceite essa situação na UBI uma vez que há licenciaturas, nomeadamente nas engenharias, em que os alunos demoram vários anos a acabar os seus cursos?
MJSS-
A Universidade da Beira Interior tem uma taxa de repetição. É simbólica, mas existe. Este conceito é uma forma de chamar a atenção dos alunos para não se arrastarem eternamente no sistema. O Ensino Superior tem que ser regulado. Não podemos deixar que um aluno fique dez e 12 anos na universidade à custa dos impostos do cidadão. Temos que pedir responsabilidades aos estudantes pelo seu processo de aprendizagem. Estas medidas estão a ser introduzidas no nosso País, mas já existem em todo o mundo, não é nada de novo.

U@O- Os apoios sociais vão acompanhar a subida do valor das propinas?
MJSS-
Claro! A primeira questão que eu defendo é que ninguém seja excluído por questões financeiras, isto quer dizer que o aumento de propinas implica necessariamente um aumento do orçamento para os serviços de acção social. Esta questão é clara e o Governo aí não se pode desresponsabilizar. É evidente que em paralelo também defendo a atribuição de bolsas empréstimo.

U@O- De que forma?
MJSS-
Primeiro defendo que no caso de uma licenciatura a bolsa deva ser assegurada pelo Governo. Mas por um motivo ou outro a bolsa pode não ser suficiente. Para corrigir algumas anomalias devíamos caminhar no sentido de haver bolsas empréstimo.
Estas bolsas devem ter um juro bonificado, o máximo que for possível. A taxa deverá ser também em função do sucesso do aluno. O estudante que tenha uma média de 10 a 12, terá um valor a pagar, mas o que tiver de 12 a 14 pagará uma taxa menor e assim sucessivamente. As bolsas empréstimo devem ser um incentivo ao trabalho e poderão servir também para responsabilizar o aluno pelo seu processo de aprendizagem. Já tenho o acordo de uma instituição bancária nesse sentido.

U@O- Qual é a instituição?
MJSS-
Não posso revelar ainda até porque estamos a negociar com várias, apesar de termos praticamente o protocolo assinado com uma. A muito curto prazo isso será tornado público e na altura das matrículas a instituição estará presente na Universidade a oferecer os seus serviços.

U@O- Pedro Lynce garantiu que o número de vagas vai diminuir já no próximo ano, no entanto serão sacrificadas as instituições do Litoral em benefício das do Interior, essa situação irá beneficiar a UBI?
MJSS-
Esta medida é importante porque não permite o crescimento das universidades dos grandes centros urbanos. Se continuassem a deixa-las crescer, um dia destes as do Interior não teriam candidatos. É esta medida de regulação que é fundamental e é evidente que é extremamente importante para a UBI. Oitenta por cento dos nossos alunos são deslocados. Não iriam restar alunos para as universidades do Interior se não fosse exercido este poder regulador por parte do Ministério. É uma medida positiva através da qual irão beneficiar não só as universidades do Interior, como também o sector privado.



"O novo núcleo do Museu dos Lanifícios será inaugurado no início do próximo ano lectivo"



"Não se vêm muitas estruturas destas pelo mundo"


U@O- Como está a situação da residência junto ao Ernesto Cruz que tinha inauguração prevista para o dia da Universidade?
MJSS-
A residência era para ser inaugurada agora no dia 30 de Abril, mas infelizmente teve alguns acidentes de percurso na construção. Por vários motivos a empresa responsável pela obra não terminou atempadamente os trabalhos. Não há outra alternativa se não inaugurar a residência no início do próximo ano.
Há duas obras na Universidade que já deveriam ter sido concluídas e que ainda estão um pouco atrasadas, a residência e o novo museu.

U@O- O edifício da antiga "Real Fábrica Veiga", junto à Ribeira da Goldra irá acolher o segundo núcleo do Museu dos Lanifícios da UBI. Será mais um espaço que irá permitir a ligação da UBI com a comunidade envolvente.
MJSS-
O Museu dos Lanifícios é emblemático em termos de Universidade. Não se vêem muitas estruturas desta natureza pelo mundo. Os peritos têm reconhecido o nosso museu mas queremos ir mais longe. Há aqui uma fase extremamente importante, para o País e particularmente para a Covilhã. Temos que dar mais um passo em termos de musealização. Pretendemos fazer um museu vivo recuperando equipamentos, pondo-os a funcionar.

U@O- Que apoios têm tido?
MJSS-
Temos tido um apoio enorme da AIBT Serra da Estrela que nos tem auxiliado na recuperação do edifício. Tive recentemente a notícia de que o INTERREG também nos vai ajudar na continuação do processo. É mais um projecto que ganhámos para prosseguir com o desenvolvimento do Museu de Lanifícios.

U@O- Para quando está prevista a abertura?
MJSS-
O edifício poderá ser inaugurado no início do ano lectivo. Quando falamos da musealização e da instalação dos equipamentos temos de ir com mais calma, até porque acabámos de ganhar este projecto do INTERREG, um apoio financeiro que vem dar uma grande ajuda. A Universidade comparticipa com 25 por cento e haverá 75 por cento do FEDER. É um projecto desenvolvido por nós juntamente com a Universidade da Estremadura. Do outro lado da fronteira haverá uma componente que também se vai desenvolver.

U@O- Que outras infra-estruturas estão previstas para os próximos tempos?
MJSS- A Faculdade de Ciências a Saúde tem de arrancar este ano, caso contrário teremos problemas sérios com o acolhimento dos alunos. Está também previsto o começo das obras do Complexo Pedagógico para as Ciências do Desporto. Estas são as duas infra-estruturas que se irão iniciar ainda este ano. É evidente que iremos tentar, se conseguirmos receitas próprias, iniciar o hangar junto ao aeródromo.

 





"O segredo das instituições está na liderança, quer sejam públicas ou privadas"

"Ser reitor é um grande acidente na vida de um professor"

U@O- A fórmula de financiamento que até aqui considerava como principal factor o número de alunos das instituições passará a ser decidida em função da qualidade do corpo docente, isso será bom ou mau para a UBI?
MJSS-
Temos que defender sempre uma política de qualidade. A fórmula de financiamento actual já prevê que o orçamento esteja de certo modo indexado à qualidade do corpo docente. Tudo depende dos factores de ponderação porque na fórmula actual, o número de alunos é o principal factor considerado. Agora calcula-se o número de alunos em diferentes áreas científico-pedagógicas, o número de docentes e o orçamento é apurado em função do salário médio. Portanto, quanto mais qualificado for o corpo docente mais elevado é o salário médio e isso acaba por se reflectir no orçamento das Universidades. Esse factor já existe na actual fórmula de financiamento. É tudo uma questão de factores de ponderação. O ministro irá dar provavelmente um factor de ponderação maior ao aspecto da qualificação.

U@O- O funcionamento interno das instituições também vai ser alterado. Será criado um Conselho da Universidade com elementos nomeados pelo Governo e com membros da sociedade civil. A parte da sociedade civil não é nova na UBI, uma vez que já tem membros que estão representados no Senado. Mas, o que pensa da introdução de elementos nomeados pelo Governo?
MJSS-
É necessário ter algum cuidado ou então estamos a interferir na autonomia das instituições. Não tenho qualquer problema que nomeiem membros para um Conselho Consultivo, mas não iremos criar entropia no sistema? O nosso Senado tem representadas várias entidades da sociedade civil que são bem vindas e extremamente úteis. É necessário termos algum cuidado com as atribuições porque não podemos ter instituições com qualidade e com alguma dinâmica se não criarmos lideranças fortes. O segredo das instituições está na liderança, quer sejam públicas ou privadas.

U@O- Os alunos perdem poder nos órgãos colegiais a favor dos docentes doutorados. O que é que esta situação vai alterar?
MJSS-
No nosso caso concreto não vai alterar nada. Temos alunos no Senado que é um órgão deliberativo. Eles são dinâmicos mas não têm a maioria, isso é uma questão dos estatutos da Universidade. A representação dos alunos é importante, a maioria é que não seria admissível. Infelizmente têm acontecido alguns casos em determinadas Universidades porque os estatutos das instituições não acautelaram essa questão e também porque muitas vezes professores e outros membros faltam às reuniões.

U@O- Uma das pioneiras no sistema de avaliação, A UBI vem desde há algum tempo a auscultar os alunos. Como vê esta troca de impressões e quais têm sido os resultados?
MJSS-
A avaliação e a acreditação que abraçámos desde início permitiu dar um salto qualitativo. Os problemas existem mas debatemos isso de uma forma aberta. Os fóruns que fazemos são de extrema importância. Damos todo o relevo às recomendações das comissões externas. Tem-se criado uma dinâmica extremamente importante na Universidade. A UBI deu um salto enorme na qualidade de ensino e mesmo na investigação com os processos de avaliação.

U@O- Tem mandato até final do ano, pensa recandidatar-se?
MJSS-
Ainda é muito cedo para falar nisso. Acredito que há pessoas capazes de conduzir a instituição melhor que eu. Sou favorável a que haja mudanças. Neste momento há projectos na Universidade que têm alguma delicadeza e que exigem algum conhecimento e experiência. Gostaria de levar esses projectos até ao fim, mais por uma questão institucional que pessoal. Como costumo dizer ser reitor é um grande acidente na vida de um professor. Gostava de voltar a dar aulas e fazer investigação.

U@O- O futuro da UBI passa por?
MJSS-
Prosseguir com a qualificação do corpo docente, colocar a qualidade acima de tudo e de todas as actividades desenvolvidas, quer no ensino quer na investigação, e continuar a introduzir novas metodologias pedagógicas de modo a responsabilizar cada vez mais os alunos pelo seu processo de aprendizagem. A Universidade é um espaço onde se gera saber, onde se aprende a aprender, a pensar e a resolver os problemas de uma forma independente. A Universidade dos nossos dias tem que facultar os meios aos alunos e aos docentes para que desenvolvam cada vez mais o saber.



"A Universidade é um espaço onde se gera saber, onde se aprende a aprender, a pensar e a resolver os problemas de uma forma independente"




"Estamos de alma e coração com o PARKURBIS"


U@O- A UBI é um dos principais parceiros da sociedade PARKURBIS e foi a principal impulsionadora do projecto. Qual é concretamente o papel da Universidade neste domínio?
MJSS-
O PARKURBIS será uma estrutura de extrema importância e a Universidade desenvolve uma série de projectos de investigação que podem ser industrializados a curto prazo. Uma estrutura como esta permite que projectos se implantem de forma a contribuir para o desenvolvimento da região e do País e é também fundamental para atrair empresas com know how. Essa é a razão pela qual a Universidade participou activamente na elaboração do programa, no projecto e estamos de alma e coração com o PARKURBIS, tentando que ele se converta numa realidade a curto prazo.

U@O- Em que medida o PARKURBIS poderá ser importante para os alunos da UBI?
MJSS-
É importante porque haverá uma possibilidade de os próprios alunos ou ex-alunos (licenciados) promoverem o seu próprio projecto e desenvolver a sua empresa. Hoje temos que pensar cada vez mais que um licenciado tem uma responsabilidade acrescida em criar o seu posto de trabalho. Se tem ideias que as ponha a produzir.