Sindicato têxtil denuncia ilegalidades
Mais 220 despedimentos na região


NC/Urbi et Orbi


"Um onda de despedimentos violentos, ilegais e desumanos". É assim que o Sindicato dos Têxteis cataloga alguns despedimentos que se verificaram nos últimos meses em empresas da Beira Interior. O Sindicato diz que o Governo acaba por dar cobertura aos patrões que, "sem darem a cara remetem, ou mandam dar à mão, uma carta de despedimentos, invocando dificuldades e dizendo que têm à sua disposição o impresso para o desemprego". E adianta que quanto a pagamento de férias, subsídio de 13º mês ou indemnizações, "nem uma palavra".
Segundo o Sindicato, nos últimos tempos isso terá acontecido na Carveste, em Caria, com 80 trabalhadores, na J.Vaz, no Tortosendo, com 60, na Massito, no Fundão, com 10 pessoas, na ACBeato, no Paul, com 60 e na Tecitex, na Covilhã, com mais 10 operários. Porém, o Sindicato avisa que "outras se preparam para fazer o mesmo" e acusa os patrões de "pouca-vergonha" ao "despedir mulheres grávidas e mães a amamentar bebés. É a desumanidade levada ao mais baixo nível" afirma. O Sindicato garante que não vai deixar as ilegalidades ficarem impunes e "não vai deixar que se continue a lançar miséria". Para isso, já agendou reuniões com os trabalhadores despedidos, de modo a decidir as formas de luta a desenvolver.

"Um mal menor"

No Tortosendo, o alerta foi dado por um grupo de trabalhadoras da empresa J.Vaz, despedidas no princípio do mês, mas que acusavam a empresa de não cumprir a lei. Em causa estava o facto das funcionárias terem sido, alegadamente, notificadas do despedimento com um dia de antecedência, a 31 de Março, e de não terem ainda recebido as respectivas indemnizações. Perante isto, Luís Garra, do Sindicato Têxtil, em declarações ao JN, dizia que no ano anterior a empresa já tinha feito o mesmo com 33 trabalhadores e que só este ano estava a liquidar os compromissos com 20 delas. E alertava que a J.Vaz tinha procurado funcionários junto do Centro de Emprego: "Despedem trabalhadores com antiguidade e contratam outros novos" avisava Garra.
Porém, da parte da empresa, o administrador, Jorge Vaz, também em declarações a este diário nacional, confirmava o despedimento de um dia para o outro, mas salientava que essa "era a única forma de continuar a laborar. Entre manter 120 postos de trabalho ou não segurar nenhum, este é um mal menor".