10 anos

Bartoon


de Luís Afonso




"Momentos de fino humor com o senso comum, e desconcertante, do português desconfiado, ora sonso, ora ingénuo, capaz de cair fulminante sobre o nosso ridículo colectivo, sem nunca ter de levantar a voz. Atento, actual, mordaz, incapaz de deixar cair uma farpa certeira sobre um tema de actualidade".










Por Eduardo Alves



É talvez uma das mais difíceis formas de opinião. O cartoon acompanha o jornalismo de perto, ganhando liberdade própria na imagem, mas também mantendo uma certa ligação, através do um cordão umbilical que é, neste caso, a frase.
O jornal PÚBLICO edita, em parceria com a Dom Quixote, uma selecção dos melhores cartoons assinados por Luís Afonso. Uma colectânea dos últimos dez anos. Lá está o bar mais conhecido de Portugal. Através dos clientes que diariamente habitam aquele espaço, Luís Afonso, professor de geografia com residência fixa em Serpa, retrata o quotidiano nacional. De uma forma que não raras vezes ultrapassa a mensagem transmitida pelas palavras escritas em cada edição do diário lisboeta.
Uma forma de recordar "os últimos dez anos da nossa história colectiva, vista pelos olhos do cartoonista português mais atento a cada migalha da actualidade febril", descreve José Manuel Fernandes, director do PÚBLICO. Esta forma acutilante de transmitir uma mensagem ocupa um espaço primordial naquele diário, desde 25 de Abril de 1993. O "Bartoon" apareceu em substituição dos desenhos de Guarda Ricardo, após o falecimento deste. Depressa conquistou o agrado dos leitores pela simplicidade que o caracteriza e pela forma com interpreta os acontecimentos. Prova de que em Portugal também existe gente capaz.
Uma publicação que vem dar realce a outras do mesmo género já publicadas em solo luso. Desenhos carregados de significado e história. Talvez, algum dia, possam ser adoptados como manuais para esta disciplina.