A iniciativa proporcionou aos alunos o contacto com temáticas que não são abordadas nas aulas
Estética da morte
Entre o medo e o fascínio

No painel de discussão proposto para os dois dias estiveram temas como o suicídio, a arte dos cemitérios e modelos de ética para o final da vida. Uma
tentativa de enfrentar o medo da morte e considerá-la como mais uma etapa da vida do ser humano



Por Andreia Ferreira


Realizaram-se nos dias 15 e 16 de Maio as segundas jornadas referentes ao tema da "Estética da Morte". O evento organizado pelo Departamento de Comunicação e Artes em parceria com o Instituto de Filosofia Prática teve lugar no Anfiteatro da Parada e contou com a presença, entre outros, de Francisco Moita Flores e António Lourenço Marques.
O coordenador das jornadas, António Delgado, justificou que o objectivo destas iniciativas é "proporcionar aos alunos um pouco mais de conhecimento acerca de assuntos que não são desenvolvidos nas aulas".
No primeiro dia a discussão passou por diversos aspectos como a arte romântica nos cemitérios oitocentistas, com Moita Flores a falar das experiências que retirou da trasladação dos corpos do cemitério da Aldeia da Luz, modelos de ética para o final da vida, na voz de António Casado da Rocha, passando também pela a serenidade esperada por todos quando próximos da partida, e pelo suicídio que, nas palavras de Paulo Serra "ocorre na sequência de circunstâncias intrínsecas ao sujeito e que ele não consegue ultrapassar. Carlos Correia apresentou ainda, a morte como
algo apetecível para os media.
No segundo dia falou-se de escultura, sepultura, túmulos dos videntes de Fátima e também de pintura. Cristina Tavares Azevedo mostrou obras de autores que, por manifestarem desde sempre uma forte incomunicabilidade, retratam a morte.
Laureano Carreira apresentou a estética da morte em alguns textos dramatúrgicos acerca de Inês de Castro e a encerrar, António Delgado falou da morte e espectáculo.
O problema da morte é desde sempre questionado e cruzou crenças e superstições medievais. A tendência é para a anulação da morte que começa "a partir do momento em que se constroem discursos metafóricos, como o dos cemitérios que remetem para a vida", refere Moita Flores.