Os novos herdeiros do velho grunge




Audioslave


Audioslave




Sony | 2003






Ao ouvir-se o homónimo álbum de estreia dos Audioslave fica-se, pelo menos, com uma certeza: o movimento grunge está bem entregue. Andou pelas ruas da amargura a chorar a morte de Kurt Cobain, mas vai reaparecendo, aqui e ali, em manifestações mais revivalistas, como em "Degradation Trip", de Jerry Cantrell (ex-Alice In Chains), ou com energias renovadas como é o caso presente.
Audioslave, a banda, é o providencial casamento entre o cantor Chris Cornell (ex-Soundgarden) e os músicos dos Rage Against The Machine, que não ficaram muito tempo a lamentar a saída do vocalista Zack de la Rocha. "Audioslave", o disco, é o feliz cruzamento entre o pessimismo grunge, e o inconformismo rap-metal. O resultado desta osmose é uma nova estirpe de um velho som. Igualmente arrojado e soturno, mas muito mais complexo e sedutor. "Audioslave" abre com "Cochise", um pandemónio de guitarras em distorção e percussão primária à boa velha maneira de Seattle, e termina quase uma hora depois com "The last remaining light", uma ode cantada em jeito de exéquia ao movimento que no início da década de 90 revolucionou o rock americano. Pelo meio ficam mais 12 faixas fenomenais, como "Like a Stone", "Gasoline", "Set it off" ou "Shadow of the Sun", que nos trazem o melhor de dois mundos distintos.