Ao todo foram 11 as colecções Primavera/Verão apresentadas pelos jovens criadores
Desfile de moda
"Uma mostra de criatividade e inovação"

O desfile de moda organizado pelo núcleo de estudantes de Design Têxtil e do Vestuário (UBIfashion) superou as expectativas. Uma iniciativa que promete continuar, no intuito de dar a conhecer o trabalho conseguido pelos jovens criadores.


Por Catarina Rodrigues


"A iniciativa superou as expectativas". As palavras são de Rui Miguel, presidente do Departamento de Design Têxtil e do Vestuário após ao Desfile de Moda "Reacção" organizado pelo UBIfashion. "Foi uma mostra de criatividade e inovação", refere. O responsável considera "fundamental" dar continuidade a este tipo de iniciativas. "Periodicamente os alunos têm de mostrar trabalho e pôr cá fora aquilo que fazem", acrescenta.
No desfile foram apresentadas 11 colecções Primavera/Verão de 16 jovens criadores. A cor, irreverência e inovação caracterizaram as roupas pensadas pelos alunos da UBI. Mara Miguel, presidente do UBIfashion, foi a autora de uma das colecções. "A minha inspiração foi o retorno à infância", explica acrescentando que a ideia foi transmitida pelas cores mas também pela forma de caminhar e olhar dos manequins, que à excepção de três, eram todos amadores.
A presidente do núcleo sublinha que não estava à espera que "tanta gente assistisse ao desfile, até porque foi a primeira vez que a Universidade acolheu uma iniciativa do género". Quando escolheu a UBI para estudar, Mara Miguel esperava terminar o curso e só depois trabalhar mais a sério. "Mas as oportunidades surgiram, formou-se o núcleo e resolvemos ir em frente com a ideia", explica.
Relativamente ao futuro a responsável considera que "ao contrário do que se diz, existem muitos empregos ligados ao design do vestuário, especialmente para os que se empenham e trabalham".
Ângelo Correia foi mais um dos jovens criadores que também mostrou os seus trabalhos. Para as suas criações inspirou-se no estilo oriental e também no filme Matrix. Apesar de reconhecer que "actualmente os tempos são difíceis" espera conseguir um emprego relacionado com a área que mais gosta, o design do vestuário.
O aluno salienta o apoio dado pela Universidade ao evento e sublinha que "a UBI tem as infra-estruturas adequadas e muitos professores licenciados em Engenharia Têxtil com os conhecimentos necessários para o curso de Design".



Para Manuel Serrão "a formação dos alunos nesta área é fundamental"





"Falta um Luís Figo na moda portuguesa"

Manuel Serrão, empresário na área da moda, foi um dos oradores convidados para um ciclo de palestras dedicadas a esta temática. O conhecido empresário considera que na moda "a formação é fundamental" e acredita que "no futuro os profissionais desta área serão bastante requisitados".
Numa conferência intitulada "Moda e Comunicação", Manuel Serrão comparou a situação vivida no antes e pós 25 de Abril de 1974. "Antes do 25 de Abril não se ouvia falar de moda portuguesa", conta, "mas já se tentava comunicar algo através da moda, nomeadamente a oposição ao regime".
O empresário considera que só se começou a falar abertamente de moda em Portugal quando o País aderiu à União Europeia. Mas segundo Serrão, a verdadeira mudança só foi sentida com o "boom das revistas de moda", algo que permitiu conhecer uma realidade até então desconhecida.
Actualmente Manuel Serrão considera que "falta um Luís Figo na moda portuguesa", uma figura de referência que promova o trabalho que se faz no País. "Cada vez se vende mais moda portuguesa no nosso País e só não se vende mais porque os estilistas ainda não têm uma estrutura produtiva", salienta.
Com um ar crítico e sempre bem disposto Manuel Serrão sublinhou a importância das autarquias organizarem eventos relacionados com a moda. "A Covilhã já o fez e só foi pena não lhe ter dado continuidade", conclui.