Ilhas com nomes de pássaros





Açores












Por João Rodrigues




É um arquipélago constituído por nove ilhas perdidas na orla do Oceano Atlântico. Os açores são aves de rapina que existiam em abundância nestas ilhas, por isso quando descobriram o arquipélago deram-lhe este nome. Estão divididos por grupos, sendo o Grupo Oriental constituído pelas ilhas de Sta. Maria e S. Miguel; o Central pelo do Faial, S. Jorge, Pico, Terceira e Graciosa e o Ocidental pelas Flores e o Corvo. Todas as ilhas são de origem vulcânica à excepção de Sta. Maria.

S. Miguel

Esta é a ilha onde se encontra mais concentrada a população açoreana (140.000 hab). A capital da ilha, também dos Açores é Ponta Delgada, debruçada sobre uma larga enseada que tem uma marina que acolhe vários tipos de barcos vindos da América e da Europa. Falar de PontaDelgada implica falar das antigas portas da cidade que resistiram a tremores de terra, tempestades medonhas, ataques de piratas e ao homem. Também são importantes pontos de visita as várias igrejas e museus espalhados pela cidade. Mas o verdadeiro ex-libris da ilha é a Lagoa ou Caldeira das Sete Cidades, antiga cratera do vulcão da ilha de S. Miguel. O segundo ponto mais procurado pelos turistas é o Vale das Furnas onde a terra emite sons e onde existem charcos de lama vulcânica que fervilham e expelem nuvens de vapor de água finas e outras muito densas. A cozinha micaelense tem muito que se lhe diga, peixe e marisco frescos, delicioso cozido das Furnas preparado em caldeiras e antigos doces conventuais. Existe ainda o cultivo em estufas próprias do saboroso e perfumado ananás conhecido e exportado em quase todo o mundo e o tão original licor de maracujá, outra fruta tropical tipicamente açoreana. Outras actividades a não perder são a observação de aves e plantas endémicas de fenómenos vulcânicos, mergulho para observação de peixes e paisagens submarinas, praias de areia morena que convidam a horas de alegria num mar aquecido pelas correntes do Golfo, ténis, hipismo, vela e pesca desportiva em alto mar. A ilha de S. Miguel é ainda um importante centro artesanal açoreano, tendo como principal fabrico as cerâmicas de coradas a azul da Lagoa, os barros de Vila Franca do Campo e os exclusivos bordados dos Açores conhecidos em todo o mundo.

Terceira

Tem este nome porque foi a terceira ilha do arquipélago a ser descoberta. Nela encontra-se a cidade mais importante dos Açores, Angra do Heroísmo, primeira cidade portuguesa a ser considerada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. Foi o primeiro exemplo de Portugal do urbanismo europeu do séc. XVI. Ao visitar a cidade parece estranho que uma localidade tão antiga esteja tão bem conservada, mas existe um motivo bastante plausível para isso: em 1980 houve um terramoto que destrui tudo matando e ferindo muitas pessoas, mas apesar de tudo, os seus habitantes reconstruíram a cidade tal qual ela estava. Por isso ao passear pela cidade não deixa de se sentir a sua força histórica. A cidade está localizada na vertente sul do Monte Brasil, elevação mais importante da ilha e antigo cone vulcânico, onde se localiza a cratera, Caldeira de Guilherme Moniz. O passeio pela cidade não fica completo sem a visita à fortaleza utilizada em tempos para a defesa de Angra e a visita às várias igrejas.
Na falta de praias, a ilha Terceira oferece umas excelentes piscinas naturais situadas entre rochedos de lava e localizadas em Biscoitos. Esta localidade possui um saboroso vinho que conta a sua história num pitoresco museu. Existem ainda como importante destino as grutas de Algar do Carvão, compostas por paredes de lava e basalto. O aroma exótico da alcatra, as receitas de polvo e a morcela constituem alguns dos típicos pratos terceirenses. As actividades mais praticadas pelos turistas são o mergulho, a vela, o windsurf, o golfe, a pesca e a caminhada pelas paisagens verdejantes.

Faial

Uma marina colorida com as dezenas de iates e iatistas de todo mundo, uma bonita cidade, uma magnífica vista sobre a ilha do Pico, que nos faz lembrar que não estamos sozinhos no oceano, as grutas vulcânicas onde existem peixes coloridos, os golfinhos, as baleias e os espadins e as cinzas vulcânicas onde ainda não crescem plantas e que ligam o Faial ao antigo ilhéu dos Capelinhos fazem da ilha do Faial um destino de férias a não perder.
Quem fala desta ilha fala também em Horta, cidade imensamente branca, com o contraste dos bonitos jardins por ela espalhados, igrejas e museus que mostram dentes de cachalote e ossos de baleia com inscrições dos famosos baleeiros que as capturaram e ponto de encontro e convívio de iatistas de todo mundo. No Verão podemos optar por apanhar horas de sol nas bonitas praias com vista para o Pico ou fazer caminhadas por entre as deslumbrantes paisagens verdes.

Pico

Nesta ilha-montanha se encontra o cone vulcânico do Pico e ponto mais elevado de Portugal (2351m). Explorar a ilha é uma experiência emocionante e ver a montanha tocar nas nuvens ainda melhor, por isso não podemos deixar de subi-la e visitar as três vilas na ilha encontradas: Madalena, Lajes e S. Roque, construídas por baleeiros, agricultores e pescadores onde perduram museus, igrejas e ruas que desaguam no mar. De toda a ilha saem barcos para ir admirar os cachalotes e as acrobacias dos golfinhos. Ainda nesta ilha não podemos deixar de provar o vinho que há centenas de anos era exportado para a família real russa. Enfim, outra ilha a não deixar de visitar.

Sta. Maria

Esta é a única ilha açoreana que não é vulcânica, mas não por isso a menos bonita. O contraste das suas baías profundas com os montes verdejantes, as vinhas descendo para o mar e as paisagens despidas fazem de Sta. Maria um destino imperdível. Aqui os banhistas encontram um paraíso de praias escondidas entre altos rochedos e montanhas descendo a pique para o mar. Também os surfistas, windsurfistas, pescadores desportivos de alto mar, veleiros e mergulhadores fazem nesta ilha as suas delícias. Para uma introdução mais histórica pode visitar Vila do Porto com as suas fortalezas, conventos e igrejas que fazem recordar outros tempos, tal como outros monumentos em Anjos, Santo Espírito e São Pedro. A cozinha mariense oferece deliciosos pratos de peixe fresco e lapas arrancadas à rocha. Finalmente, não pode ir embora sem levar uma recordação artesanal desta terra de encantos.

Graciosa

Uma pequena ilha no Oceano Atlântico, uma linda cidade branca, umas vinhas escondidas entre rochedos de lava preta, um moinho branco cortando o azul do céu, uma enorme furna penetrando nas entranhas da terra, no alto de um belo monte é assim a ilha Graciosa, tal qual se descreve no nome. Como nas outras ilhas, não podemos falar nelas sem uma breve passagem pela sua capital, que neste caso é Santa Cruz da Graciosa cidade branca que encanta. Na sua igreja matriz encontramos um verdadeiro tesouro de obras de pintura portuguesa e painéis quinhentistas. Para os mais aventureiros cabe admirar a vegetação frondosa da Caldeira onde a Fuma do Enxofre permite penetrar no interior do extinto vulcão, com uma misteriosa lagoa subterrânea. Para os mais calmos um passeio ao longo da costa recortada por profundas baías e ilhéus que fazem sonhar. Nesta ilha, um encontro com a calma e serenidade.

S. Jorge

Verde, verde e mais verde, é assim a ilha de S. Jorge, estreita e comprida. A Serra do Topo, ponto mais alto da ilha e outros locais isolados das povoações são partes em que podemos admirar a natureza no seu melhor. O canto dos pássaros, o grito dos milhafres (uma ave exclusivamente açoreana) e a esplendida vegetação são algumas das propostas a não perder. Nesta ilha existe uma forma de relevo quase inexistente em todo o mundo, as fajãs, plataformas de lava que entram pelo mar dentro. A mais famosa é a de Santo Cristo onde existe uma pequena lagoa junto ao mar que faz as delícias dos banhistas. No campo junto à principal estrada de S. Jorge uma pessoa decidiu escrever versos sobre as ilhas em tabuletas de madeira e espalhou-as pelo campo fora. As principais localidades de S. Jorge, Velas, Calheta e Topo, alinham-se em altas falésias junto ao mar. Nelas se fabrica não só o famoso queijo de S. Jorge, assim como as colchas de lã tecidas em velhos teares de madeira. A ilha possui ainda uma torre de igreja soterrada pelas várias erupções vulcânicas ocorridas na ilha.

Flores

Para descrever a ilha pode-se usar apenas o nome, ainda assim há mais de mil e uma palavras para a caracterizar. A cidade mais importante é Sta. Cruz das Flores, cidade branca com uma bonita, original e imponente igreja. Mas o verdadeiro atractivo é a sua natureza primitiva, com magníficas cascatas, vários tipos coloridos de flores, uma cratera com sete límpidas lagoas, piscinas naturais escondidas entre rochedos e arribas caindo a pique para o mar.

Corvo

É a mais pequena de todas as ilhas e o ponto mais ocidental da Europa. A vila do Corvo é a sua capital e dispõe apenas de 400 habitantes e a sua igreja conserva uma preciosa imagem flamenga do séc. XVI. O ponto mais elevado da ilha é o Monte Gordo e de lá podem-se vislumbrar as azuis lagoas que compõem a antiga cratera vulcânica. Quem dispõe de só algumas horas consegue ficar a conhecer o Corvo, mas o ideal é gozar da calma e serenidade durante vários dias, semanas ou até meses.

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