Automotoras Allan modernizadas e reconvertidas podem fazer troço até à Covilhã
Segundo o presidente da CP
Intercidades até à Guarda "não faz sentido"

O presidente da CP, Crisóstomo Teixeira, diz que não se justifica uma duplicação da linha da Beira Baixa entre a Covilhã e Guarda. E que tendo em conta os planos da REFER, o Intercidades neste troço também não faz sentido. Quanto às automotoras, voltam a ser hipótese, mas com linhas modernas.


João Alves
NC/Urbi et Orbi


O presidente da CP, Crisóstomo Teixeira, afasta a hipótese da Linha da Beira Baixa, no troço entre Guarda e Covilhã, poder vir a ser duplicado. No sábado, 21, o responsável da CP esteve em Barca d'Alva, num encontro sobre desenvolvimento e acessibilidades, e para além de dizer que esta duplicação não se justifica, o mesmo se aplica no que toca à hipótese de haver Intercidades até à Guarda, pois segundo os planos que a REFER tem para esta zona, "não faz sentido".
Crisóstomo Teixeira admite, no entanto, que existe um enorme tempo de demora entre a Covilhã e Guarda, mas diz ter indicações de que a REFER está a iniciar uma série de trabalhos de melhoramento de infra-estruturas, de modo a encurtar o tempo das viagens. Porém, o presidente da CP veio contradizer-se e a negar o que anteriormente tinha sido adiantado ao NC. Recorde-se que na passada semana, Paula Neves, do gabinete de Comunicação da empresa, admitia que "os passageiros que precisam de ir para o Fundão, Covilhã e Guarda não vão ter que fazer transbordo. A partir de Castelo Branco muda-se apenas a tracção". Ficavam assim desfeitas as dúvidas que pairavam sobre os passageiros oriundos da Covilhã e do Fundão - ou estes mudavam de tracção para uma máquina a diesel ou faziam o resto da viagem numa automotora-, tendo em conta o problema que se coloca nesta altura em que se procede à electrificação da Linha da Beira Baixa até Castelo Branco, ficando a Covilhã e o Fundão fora do plano de investimentos da Refer. Porém, agora as dúvidas continuam. É que Crisóstomo Teixeira, vem de novo dizer que a CP não pretende "manter o serviço do Intercidades, com material eléctrico entre Lisboa e Castelo Branco, mudando depois de locomotiva para prosseguir até à Covilhã". O serviço, afirma, passará a ser feito "com automotoras triplas que estão ser modernizadas- com ar condicionado e assentos individuais". Entre Castelo Branco e Guarda, "vamos procurar executar o serviço com automotoras Allan, mas modernizadas" explica Crisóstomo Teixeira.
Algo que não será do agrado dos autarcas da Cova da Beira já que, recorde-se, o facto de a electrificação da linha férrea ir somente até à capital de distrito e não chegar a estes dois concelhos da Cova da Beira, levou a que os autarcas Carlos Pinto e Manuel Frexes tivessem solicitado esclarecimentos junto do Ministério das Obras Públicas e Refer.

Linha do esquecimento

A situação da Linha da Beira Baixa sempre foi problemática. Os comboios circulam a pouco mais de 80 quilómetros por hora. Por altura das comemorações dos 40 anos da "Rápida da Covilhã", o Grupo dos Amigos da Linha da Beira Baixa "meteu" novamente nos carris a famosa locomotora e rumou até Lisboa. O resultado da viagem só veio dar ainda mais consistência às críticas: apesar de todas as modernizações de que os comboios e a linha férrea foram alvo, a "Rápida da Covilhã" faz inveja ao Intercidades. O actual comboio só ganha cerca de 30 minutos no percurso até Lisboa.
Mas o caso mais flagrante é talvez a viagem entre a Covilhã e Guarda, onde a mesma é feita por uma automotora com quase 50 anos, a qual demora mais de hora e 15 minutos a percorrer 40 quilómetros. Um troço há muito esquecido e que a CP, no ano passado, admitia inclusive concessionar às autarquias ou associações, desfazendo-se assim de um serviço que não parece, em termos económicos, ser atractivo. Também a CP chegou a pensar adquirir automotoras de segunda mão, em Espanha, para meter neste local, uma hipótese que se chegaria a concretizar, embora as automotoras "rejuvenescidas" estejam mesmo para chegar.