Black Cherry



Goldfrapp


Mute Records | 2003







O mundo conheceu e apaixonou-se pelos Goldfrapp através de canções inspiradas como "Human", "Pilots", "Lovely Head", "Utopia" servidos na estreia do projecto em "Felt Mountain". O esperado segundo álbum, embora não seja mais do mesmo, é uma surpresa encantadora.
"Felt Mountain" era um trabalho fortemente inspirado, uma espécie de trip-hop idílico construído de grandes canções que obteve a rendição da crítica e do público. Ciente deste facto, e do impacto deste disco - que por cá abarrotou a Aula Magna, em Lisboa - a pergunta era pertinente: será uma missão difícil fazer o disco sucessor? Na altura, Alison Goldfrapp respondia à Voxpop: "Não, afinal 'Feltmountain' não teve assim tanto sucesso". Apesar de consciente quanto aos elogios em torno de "Feltmountain", o futuro era uma incógnita para Allison Goldfrapp: "nunca se sabe como será [o novo álbum], poderá não ser tão forte, ou poderá ser ainda melhor", acrescentando que "o segundo álbum é sempre difícil de se fazer".
Com a edição de "Black Cherry" acabou-se o suspense, a dúvida fica desfeita e todos estamos esclarecidos. Este segundo disco é definitivamentre um volte de face. Atento às recentes correntes electropop e com os pés bem sincronizados na disco dos anos 70 e pop dos anos 80, os Goldfrapp gravaram um álbum arrojado que rompe com a ideia de que Alison Goldfrapp poderia ser a nova Beth Gibbons.
Com o glamour à flor da pele, a enérgica personalidade de Alison Goldfrapp está cada vez mais evidente, marcando o tom, a cor, o ritmo e a intensidade das imagens em "Black Cherry". Sim, porque a imagem deste disco traduz na perfeição o seu conteúdo musical.
A potente voz de Alison Goldfrapp e as suas brilhantes canções escritas a meias com Will Gregory, o outro cérebro do grupo, continuam a espelhar o caminho da música neste século XXI, com uma produção cuidada que continua a abrir caminho na música de dança electrónica actual. Temas como "Train", "Strict Machine", "Deep Honey", e "Tiptoe" são algumas das pérolas deste disco. A força e energia por eles destilada tem um sabor retro-futurista. E o futuro, bem apoiado no passado, parece sorrir para os Goldfrapp.