Anibal Ramos aguarda pela votação da sua proposta a 11 de Setembro
Trabalhadores da Nova Penteação esperam há quatro meses
Futuro por resolver

Paulo de Oliveira apresentou nova proposta de viabilização, mas decidiu retirá-la após a confirmação de novo adiamento. Aníbal Ramos é o único empresário com uma proposta para preservar a empresa de lanifícios.


Por Daniel Sousa e Silva


A quinta Assembleia Geral de Credores da Nova Penteação foi mais uma vez adiada. A próxima Assembleia vai ser a 11 de Setembro. Desta vez foram os próprios credores a requerer o adiamento do processo que já se arrasta há vários meses.
A audiência da passada quinta feira, 28, no Tribunal da Covilhã foi atribulada. Paulo de Oliveira, que já tinha apresentado uma proposta, rejeitada pelos credores, entregou uma nova proposta de viabilização com algumas alterações relativamente à anterior. A principal diferença da nova proposta refere-se ao condicionamento da sua aprovação a um acordo com os trabalhadores da empresa e a inclusão de um milhão e 500 mil euros para a indemnização dos funcionários a ser dispensados.
No entanto, o empresário impôs uma condição. A proposta tinha de ser votada pelos credores no próprio dia, sob o risco de ser retirada, se a Assembleia fosse novamente adiada.
Quando a juíza acedeu ao pedido dos credores de suspensão dos trabalhos para uma melhor ponderação, Paulo de Oliveira cumpriu a promessa. Retirou a proposta e saiu da sala de audiência visivelmente irritado.
De momento, resta a proposta de viabilização de Aníbal Ramos. O antigo administrador da Nova Penteação acrescentou um aditamento à proposta apresentada no dia 18 de Agosto. O aditamento especifica algumas informações pouco explícitas na proposta inicial, contestada por Luís Garra, presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB). Aníbal Ramos propõe-se a recomeçar a actividade da empresa com 160 trabalhadores e compromete-se "a integrar no mínimo 100 trabalhadores" nos próximos 2 anos. No período de espera de chamada à empresa, o empresário pretende que o Estado garanta a continuação do programa de formação FACE por mais seis meses. Após essa fase, os 100 trabalhadores entrarão em suspensão do contrato de trabalho por um período máximo de 18 meses, em que remuneração será garantida pela Segurança Social. A integração dos trabalhadores será feita "à medida que a empresa necessitar".
Apesar do novo adiamento e de considerar que "as duas propostas na mesa deviam ter sido votadas", Aníbal Ramos tem confiança que a sua proposta seja aprovada. O empresário reitera "a esperança de que o processo se resolva o mais rápido possível para se poder restabelecer a laboração". Caso tome as rédeas da Nova Penteação, Aníbal Ramos vai "fazer uma procura de mercado e visitar antigos clientes em busca de contratos".

Paciência por um fio

"Os trabalhadores da Nova Penteação começam a desesperar com tantos adiamentos", afirma Luís Garra, presidente do STBB, deixando o aviso de que "a paciência está a desaparecer".
À saída do Tribunal da Covilhã, o sindicalista lembra que "sempre disse que ir para tribunal era um tiro no escuro que podia ter consequências muito negativas".
Quanto ao aditamento à proposta de Aníbal Ramos, Luís Garra reconhece haver "algumas melhorias", mas "não serem ainda suficientes para satisfazer os trabalhadores".
O sindicalista escusou-se a tecer qualquer comentário ao episódio protagonizado por Paulo de Oliveira.