Unhais da Serra
Incêndios poupam Estância Termal

Os Incêndios que deflagraram na vila de Unhais da Serra não causaram danos na Estância Termal, esta escapou à fúria das chamas, que consumiram a área envolvente .

Sandra Carvalho
NC / Urbi et Orbi


"Os incêndios do Verão estiveram muito próximos da estância Termal de Unhais da Serra, receou-se o pior, mas não se registaram prejuízos". A afirmação é de António Rodrigues, presidente da Junta de Freguesia de Unhais da Serra. "Com a aproximação do incêndio pensámos que era o fim das termas, mas felizmente o fogo foi controlado antes de aqui chegar".
Outro dos receios do autarca era que as cinzas e a água utilizada no combate ao incêndio se infiltrassem e inquinassem as águas termais. Este problema está colocado de parte como nos confirma o autarca, "efectuam-se análises à água todas as semanas e está dentro da regularidade". A estância não foi afectada pelos incêndios e o movimento tem decorrido com normalidade. O número de aquistas manteve-se, apesar do incêndio. Contudo há que registar que a maioria das pessoas que frequenta as termas são pessoas do concelho. "De fora não vem muita gente porque a Vila também não vive do turismo e o alojamento é um problema", salienta António Rodrigues.
A estância termal de Unhais da Serra, actualmente com o segundo maior caudal de água termal do País (36 mil litros por hora a 37 graus centígrados), é composta por duas nascentes, a Fonte dos Banhos e a Fonte do Cortiço. A água desta fonte é ingerida segundo prescrição médica e é indicada como complemento para outros tratamentos, nomeadamente para problemas circulatórios, hepáticos e gástricos.
Com indicações terapêuticas para os casos de sinusite, reumatismo, sequelas de traumatismos osteo-articulares, varizes, colites e hemorroidal, sendo a única no País que trata esta doença, as termas são frequentadas anualmente por cerca de 500 a 700 pessoas. Têm capacidade para atender 17 pessoas ao mesmo tempo e uma equipa de enfermagem que vem diariamente às termas e está permanente das 8 e 30 à uma da tarde. Existem ainda quatro funcionários com formação para ajudar na actividade termal e uma equipa clínica composta por quatro médicos.
"As termas têm ainda cinco nascentes inoperacionais", como refere o autarca e sublinha que "a água é a fonte de riqueza da vila de Unhais, apesar da população se dedicar à indústria de lanifícios".
"Os aquistas que vêm de fora são clientes habituais, frequentam as termas já há alguns anos e por isso ficam em residências particulares. As instalações que temos também não são as melhores e a junta está interessada em resolver este problema", adianta António Rodrigues. Segundo este autarca arranca ainda este ano o projecto para a construção de um balneário termal, um projecto aliciante que fará com que a vila adquira um outro estatuto em relação a termas. A acrescentar a este investimento, está a construção de um hotel. As actuais instalações ficarão para museu.
As termas representam um investimento e são canalizadores de receita para a junta, entidade que explora a Estância Termal e Climática. Caso as termas fechem ou as receitas deixem de fazer parte da autarquia a asfixia será uma inevitabilidade para a junta.
Para a construção das novas termas o campo de futebol, que está a ser utilizado pelo Futebol Clube Estrela de Unhais da Serra, terá que desaparecer, "mas a autarquia já está à procura de um terreno para a construção desse campo", garante António Rodrigues.
Um outro empreendimento a concretizar é a construção da Estrada da Serra, que já conheceu vários traçados mas até agora sem resolução. Actualmente o projecto contempla que a estrada venha das Lezírias ao Cortiço e irá apanhar o turismo que vem da Serra. "Esta é mais uma forma de atrair turistas para as termas", afirma o autarca.
Alterar o que está feito e construir coisas novas é um risco, na medida que pode contaminar os lençóis freáticos. Os terrenos circundantes às termas são cultivados desde há muito tempo. Segundo o autarca tudo se mantém desde há anos, uma vez que uma anterior tentativa de remodelação do jardim envolvente constituiu um problema de contaminação das águas termais. "Tem que se preservar o que de melhor tem a Vila de Unhais da Serra que é a água", conclui este autarca.