A peça é repleta de momentos de emoção
Festival Y
Tormento em palco

O segundo capítulo do festival organizado pela "Quarta Parede" trouxe, à Covilhã, uma torrente de sentimentos e emoções materializadas através da conhecida tragédia grega "Édipo Rey.


Por Daniel Sousa e Silva


A conhecida tragédia grega de Sófocles, "Édipo Rey", esteve em palco no Teatro Cine da Covilhã, na passada quinta feira, 26. A peça interpretada pelo Teatro Corsário, de Valladolid (Espanha) inclui-se no Festival Y, organizado pela recém-criada "Quarta Parede - Associação de Artes Performativas da Covilhã".
O predestinado pelo oráculo de Delfos, Édipo, é a personagem central da encenação que circula em torno da condição humana. O destino como inevitabilidade.
Edipo é rei de Tebas. É quem mata a esfinge e também o homem desgraçado que mata o seu pai, partilha o leito com a sua mãe sem o saber e faz cair sobre si a sua própria maldição.
No início da peça, Edipo é apresentado como rei e, ao mesmo tempo, pai preocupado pela peste que açoita o seu povo. Partilha a sua dor, mas não se conforma com derramar lágrimas estéreis. Procura os meios para encontrar a solução para os males de Tebas. Edipo é um homem coerente que consegue realizações efectivas e não se deixa apanhar no campo das possibilidades. O seu cunhado, Creonte, regressa do oráculo de Delfos com a solução: desterrar o assassino de Laio (antigo rei de Tebas e esposo de Jocasta). Mas quem era tal homem?
Depois de interrogar o adivinho Tiresias e um mensageiro de Corinto, Édipo descobre com a maior das angústias que ele é o assassino de Laio, seu pai, e que vive em trato incestuoso com a sua mãe. Quis saber a sua origem a todo o custo e pagou caro, mas chegou a conhecer-se tal como era.
Como castigo pelo seu caminho, Édipo arranca os olhos, cegando-se, não querendo ver mais o mundo. O correr da cortina e fim da peça.
O Teatro Corsário consegue trazer, aos tempos actuais, as sensações levadas aos antigos anfiteatros gregos, há milénios atrás.
O Festival Y continua no dia 3, sexta feira, com "Miséria", pelo Teatro de Marionetas do Porto, no Teatro Cine da Covilhã, e prolonga-se até ao final de Outubro.