Os autarcas falaram de problemas concretos de gestão municipal
Abertura de mestrado em gestão autárquica
"Especialização necessária"

Os presidentes das câmaras municipais de Belmonte e Penamacor e o vice-presidente da Câmara Municipal da Covilhã (CMC) estiveram presentes num seminário que marcou a abertura oficial do mestrado em gestão autárquica.


Por Daniel Sousa e Silva


"Existia um certo défice deste tipo de conhecimentos nas autarquias da Beira Interior." È assim que Fernandes de Matos, director do mestrado, justifica a criação da pós-graduação em gestão autárquica na Universidade da Beira Interior.
A abertura oficial do mestrado deu-se na passada sexta feria, 17, com a realização de um seminário intitulado "O poder autárquico", que contou com as presenças de Alçada Rosa, vice-presidente da CMC, Amândio Melo, presidente da Câmara Municipal de Belmonte (CMB) e Domingos Torrão, edil da Câmara Municipal de Penamacor (CMP). Os representantes autárquicos estiveram presentes para falar um pouco sobre os problema que se encontram nas autarquias.
O vice-presidente da CMC, Alçada Rosa, lançou a ideia da "evolução do conceito de concelho". "Somos eleitos numa concepção de concelho fechado, mas isso tem de evoluir", denota. Para Alçada Rosa, o grande objectivo de qualquer autarca é "conseguir criar condições para uma possível felicidade dos indivíduos que vivem no concelho, para que permaneçam". O autarca acentuou a importância da ideia, já que "todas as autarquias da região combatem a desertificação".
Já Amândio Melo, considera uma mais valia o novo mestrado, uma vez que "as câmaras, mas sua generalidade não possuem quadros superiores que possam educar os seus subalternos".
Como problemas a apontar, o edil de Belmonte avista duas questões: a falta de cultura de associação e insuficiente autonomia administrativa. "As universidades são um exemplo de possível associação para as autarquias, por estas devem transmitir os seus conhecimentos de dentro para fora", realça. Quanto à questão da autonomia, Amândio Melo afirma que "existe autonomia administrativa financeira, mas o seu poder é demasiado reduzido no que toca à saúde e à educação".
Domingos Torrão, presidente da CMP, também aprova o novo mestrado, porque "tem de haver uma ligação da universidade ao mundo real". Uma questão que Domingos Torrão admite ter necessidade de ser estudada é a do ordenamento do território. "Falta em Portugal uma estrutura de poder entre a administração central e a administração local", destaca.

Novo formato

Fernandes de Matos, director do mestrado, congratula-se com o facto de sete dos doze alunos de mestrado fazerem parte dos quadros de autarquias da Beira Interior. Para a execução do mestrado, o director cona com o apoio de vários departamentos da UBI (Gestão e Economia, Sociologia e Engenharia Civil) e do Instituto Superior de Economia e Gestão, da Universidade Técnica de Lisboa.
O director de mestrado anunciou que "no terceiro trimestre não vai haver o sistema de aulas clássicas, mas um conjunto de seminários semanais". O nome de Elisa Ferreira está entre os oradores dos semanários.