NC / Urbi et Orbi


O estudo do professor Daniel Bessa não é consensual

A Câmara da Guarda está em desacordo com o mapa económico e social que serviu de base para o Ministério da Economia definir os concelhos que são abrangidos pelo Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos (PRASD). A autarquia já manifestou mesmo junto do ministro da Economia, Carlos Tavares, o seu "inconformismo" pelo facto do concelho ter sido excluído do PRASD.
Segundo o vice-presidente da Câmara, Álvaro Guerreiro, em declarações ao Público, "o que está em causa é uma medida grave de desfavorecimento" em relação às seis zonas que vão ser abrangidas por "medidas de diferenciação positiva". O autarca diz que "o que é preciso perceber é se, numa política de desenvolvimento integrado e continuado, nós, sem este tipo de medidas, não estamos pura e simplesmente a mutilar o esforço desenvolvido e os planos que estão em curso", como por exemplo, a Plataforma Logística.
A verdade é que, no mesmo dia em que o município decidiu pedir explicações ao ministro da Economia, foi o próprio Carlos Tavares que viria a dizer, em Gouveia, que a ideia de exclusão da Guarda "não tem fundamento". O governante garante que "todos os concelhos, incluíndo as capitais de distrito" fazem parte do PRASD e sustenta que antes de haver qualquer tipo de reacção por parte das autarquias, "as pessoas têm que esperar que sejam publicados os critérios e os concelhos e capitais de distrito abrangidas". Tavares diz que a apresentação do PRASD foi "sintéctica" e disse querer voltar à Beira Interior para discutir com organismos e autarcas as conclusões do trabalho de Daniel Bessa. "Estas regiões não têm todas os mesmos problemas, nem todas as mesmas vocações, nem todas os mesmos recursos" afirma.
Recorde-se que, segundo o estudo de Daniel Bessa, a Beira Interior, Pinhal Interior Norte e Pinhal Interior Sul, Cávado e Ave, Tâmega, Trás-os-Montes e Alto Douro e Alentejo são as seis zonas problemáticas diagnosticadas pelo Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos (PRASD). As mesmas são referidas como as regiões mais deprimidas economicamente e onde é urgente investir. Estas seis áreas, com uma população de cerca de três milhões de habitantes, estão claramente em declínio, merecendo por isso a resposta imediata do Governo: um fundo de capital de risco de 60 milhões de euros para a formação de empresas, em associação com entidades públicas e privadas. A dinamização de marcas regionais, aposta no turismo e em sectores tradicionais são, para já, as medidas a implementar no âmbito do PRASD.
Dos 25 concelhos que constituem a Beira Interior, a Guarda, Covilhã e Castelo Branco, ficam fora da "discriminação positiva" que o encarregado do PRASD preconiza. É que estes municípios não apresentam um poder de compra "per capita" inferior a 75 por cento da média nacional, indicador em que Baniel Bessa se baseou para realizar o Programa.