Pousada posta de lado
Alçada Rosa considera "escandaloso" não reconverter
Ex-Sanatório

As reacções não se fizeram esperar. O anunciado "desinvestimento" do Grupo Pestana no ex-Sanatório dos Ferroviários está a gerar forte contestação na Covilhã. Alçada Rosa, vice-presidente da Câmara, considera que esta medida "é um escândalo".

João Alves
NC / Urbi et Orbi


Não vai ser nada pacífica a intenção do Grupo Pestana, agora com capitais na ENATUR, de não construir a Pousada da Serra da Estrela, que pressupõe a reconversão do ex-Sanatório dos Ferroviários. A notícia é avançada na passada semana, de que o Grupo Pestana, responsável pelas Pousadas de Portugal, iria reduzir a metade do investimento na expansão de Pousadas traçado pela anterior administração da Enatur e, entre as quais figurava a não reconversão do Ex-Sanatório dos Ferroviários, está a deixar os políticos e forças vivas da cidade muito descontentes.
O presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE), Jorge Patrão, já alertou o secretário de Estado do Turismo, Luís Correia, de que iria avançar com todos os meios legais para impugnar o processo que levou à adjudicação da gestão das Pousadas da ENATUR ao Grupo Pestana. Patrão apela ao Governo para que obrigue o Grupo a cumprir o contrato que previa a construção das novas pousadas, incluíndo a da Serra. O presidente da RTSE lembra que, "felizmente", a adjudicação da obra "não depende" do Grupo Pestana, mas "de uma empresa que continua com capitais maioritariamente do Estado", a Enatur. Recorde-se que, há cerca de dois meses, em declarações ao NC, Jorge Patrão já tinha avisado que a privatização da ENATUR iria "trazer problemas para as pousadas regionais", isto depois das mudanças na gestão daquele organismo estatal já terem provocado o encerramento da Pousada de Santa Bárbara, em Almeida. No que dizia respeito à Pousada Histórica de Belmonte, Patrão afirmava desconhecer qual seria "a política" do Grupo Pestana para estes casos. É que a unidade belmontense é "franchisada", mas, apesar de não pertencer à ENATUR, dispõe da marca "Pousadas de Portugal". Mas, não obstante todas as mudanças, Jorge Patrão continuava firme em dotar toda a região de abrangência da RTSE com quatro pousadas. Duas já estão em funcionamento, a de Belmonte e a do Convento do Desagrado. Faltam a futura da Serra da Estrela e a de Linhares, restando nesta última apenas a montagem do equipamento. "Em termos de pousadas, é este o nosso objectivo, havendo empresa privada ou pública. Mas o facto de agora estar privatizada não a liberta das obrigações assumidas enquanto era pública", advogava Jorge Patrão.

"Um projecto pago pela região"

Também a Câmara da Covilhã já regiu às intenções do Grupo Pestana. Segundo o vice-presidente da autarquia covilhanense, Alçada Rosa, esta medida "é um escândalo" e isto, "por duas razões". Segundo Rosa, "este projecto está feito e foi pago pela região. É um investimento de um milhão de euros" salienta. E, embora não acredita que a não construção da Pousada possa seguir por diante, Alçada Rosa não tem dúvidas em relação ao culpado se a situação se confirmar: "É ao Estado que têm que se pedir explicações. Tem um compromisso com a região" salienta.
O anuúncio do concurso público internacional para o antigo Sanatório foi publicado em Fevereiro, aguardando-se a decisão da comissão de análise de propostas quanto à adjudicação da obra. Orçada em 10 milhões de euros, a infra-estrutura seria, segundo a Enatur, uma referência nas Pousadas de Portugal, pois consistia numa remodelação de uma autêntica "relíquia" arquitéctónica de 1927, da autoria de Cottinelli Telmo. O projecto contempla 56 quartos (35 duplos), cinco familiares, 16 suites e uma suite presidencial.