Alexandre S. Silva


A equipa da Covilhã

Em duas jornadas apenas, o Covilhã parece ter dado o pontapé na crise. Depois de uma série negativa de nove jornadas, onde não conheceu outro resultado para além da derrota, a equipa começa a dar a volta por cima. E se o Municipal de Chaves, há duas semanas foi o palco do regresso dos leões aos pontos (0-0), o Santos Pinto assistiu à primeira vitória da temporada (3-1).
O Covilhã já não vencia na competição desde a última jornada da época passada, frente ao Desportivo das Aves (2-1), a 1 de Junho. E, curiosamente, a marcha do marcador foi, em tudo, idêntica à do último domingo, frente ao União da Madeira: os forasteiros marcam primeiro, bem cedo, o Covilhã empata ainda na primeira parte e dá a volta ao marcador na segunda.
No último domingo, a história dos últimos encontros parecia querer repetir-se, e um golo madrugador de Jorge Soares, com muitas culpas para Luciano, deixava adivinhar o pior. Contudo, os serranos não se deixam abater, levantam a cabeça e partem para cima do adversário. Aos 16 minutos, em apenas três toques, o Covilhã chega ao empate numa jogada tão simples quanto bonita e eficaz: Rui Andrade recupera junto à sua área, lança Oseias no meio-campo adversário e este, pressionado por um defesa, abre na esquerda com um toque subtil para a entrada de Lourenço que, isolado, bate Iglésias pela primeira vez. Um golo muito festejado que restaurou a confiança dos homens de João Cavaleiro e animou as quase vazias bancadas do Santos Pinto, onde a nova claque “Avalanche 03” erguia uma faixa com a inscrição “Nós acreditamos”. A turma da casa também acreditou e recuperou o domínio da partida que, até ao intervalo, se jogou, sobretudo, a meio campo sem grandes oportunidades de lado a lado.

Tranquilidade nos descontos

No retomar do encontro surge um União disposto a retomar o domínio da partida e a tentar levar o jogo para perto da baliza à guarda de Luciano. Cícero, o mais influente insular, quebra por várias vezes o muro defensivo covilhanense, mas a falta de apoio dos companheiros acaba por tornar infrutíferas as incursões do avançado.
O Covilhã volta a crescer e a aproximar-se da baliza de Iglésias. Aos 51 minutos fica mesmo uma grande penalidade por marcar contra a turma da Madeira por derrube de Marcelo a Hermes, mesmo à frente do árbitro. João Vilas Boas, no entanto, para não quebrar a recente tradição, manda seguir o jogo. Aos 58 minutos, porém, o Covilhã chega à vantagem com um golo de Piguita na sequência de um canto e os da casa ganham novo alento. Com o resultado desfavorável, Hernâni Gonçalves efectua três substituições em cinco minutos, mas o esquema pouco se alterou e a equipa continuava sem soluções para ultrapassar o sector defensivo serrano. Ao invés, as entradas de Dani e Denilson, no Covilhã, deram uma nova frescura ao ataque da casa. E foram mesmo os dois suplentes de Cavaleiro que protagonizaram a mais bonita jogada do desafio e que poderiam, a 20 minutos do fim, ter matado a partida: Dani livra-se de dois adversários pelo flanco direito, vai à linha e faz um cruzamento milimétrico para a cabeça de Denilson, mas o brasileiro volta a demonstrar precipitação em momentos decisivos e, com o guarda-redes já batido cabeceia muito ao lado.
O golo do descanso surge já no período de descontos, numa altura em que o nevoeiro já tinha invadido o Santos Pinto, contribuindo para o decréscimo da qualidade do jogo. O tento surge na sequência de um livre da esquerda apontado por Lourenço e desviado dentro da área por Fernando Porto, que introduz a bola na própria baliza.
O resultado não sofre qualquer contestação e peca, até, por escassez. O Covilhã vence bem mas não esconde bastantes fragilidades no sector ofensivo onde os pontas-de-lança continuam a desperdiçar oportunidades imperdíveis. Com esta vitória os covilhanenses vêem renascer a esperança e colocam-se a sete pontos da linha de água, ganhando terreno a todos os adversários directos.
Na próxima ronda, a 30 de Novembro, os “leões da Serra” deslocam-se ao Estádio do Mar para defrontar o Leixões, também em situação aflitiva. Entretanto, no dia 23, o Covilhã recebe o União de Leiria em jogo da quarta eliminatória da Taça de Portugal.