Por Joana Silva


José Rosa falou sobre a perfeição do amor cortês

O casamento mata o amor? Será que a contenção sexual mantém acesa a chama do desejo? E Deus tem algo que ver com isto? A resposta a estas perguntas foi o que se procurou saber na passada quinta-feira, 13, no anfiteatro I da Universidade da Beira Interior, pelas 15 horas. No âmbito do Ciclo Nacional de Conferências subordinado ao tema geral “O Amor na Idade Média” decorreu a conferência “A Transfiguração Espiritual do Amor Cortês em São Bernardo de Claraval”.
Quando um monge ama uma mulher nasce a devoção por um amor espiritual, quase contemplativo. José Maria Silva Rosa, docente de Filosofia do Departamento de Comunicação e Artes da UBI, discorreu sobre a teologia mística da perfeição do amor cortês cultivada no exercício das virtudes cristãs segundo São Bernardo de Claraval, mestre da abadia de Claraval, no século XI. Nesta moral do amor cordial, o rol de carícias e sensações entre um olhar e um beijo é um jogo onde a erótica se torna mística e a abstinência sexual é a condição necessária para atiçar e prolongar o desejo dos enamorados. O casamento é a instituição que condena à partida o amor onde paradoxalmente a fidelidade existe para ser infringida.
José Rosa fala da preocupação e da importância em explicar a uma adolescente dos dias de hoje que “consumar a sexualidade é como colher uma flor” e que adiar o sexo é algo bom, fazendo-a entender que não se trata de “moralismo bacoco”. Porque afinal “fazer amor sem amor é o maior crime contra o amor”.
O Ciclo Nacional de Conferências é organizado pela Associação de Professores de Filosofia e tem um roteiro com passagem por Guimarães, Porto, Viseu, Coimbra, Lisboa/Sintra e Évora para além da Covilhã. O Ciclo contou com o apoio do Curso de Filosofia da UBI.