Por Margarida Catrola


Eduardo Relvas mostrou um possível futuro para os combustíveis

Eduardo Relvas voltou à Universidade da beira Interior (UBI), para uma conferência sobre “Combustíveis alternativos no automóvel”, organizada pelo Departamento de Engenharia Electromecânica. O docente do Instituto Politécnico de Portalegre está a tirar o doutoramento na UBI, precisamente na área dos combustíveis alternativos. Eduardo Relvas afirma dedicar-se a esta área da engenharia mecânica por paixão: “A minha formação é em Engenharia dos Materiais, mas na altura em que me formei não havia ainda licenciaturas neste campo, então a mecânica permaneceu sempre mais como um passatempo, por uma questão de paixão.”
Existem vários tipos de combustíveis alternativos, mostrou Relvas,: a biomassa, o gás natural, o pó de carvão são alguns exemplos, “contudo o que poderá ter mais hipótese de ser aplicado realmente é o biocombustível”.
O biocombustível é um combustível de substituição directa, cujo processo de produção é feito através de substâncias que nascem da natureza, como por exemplo plantas. Este tipo de combustível reduz imediata e significativamente a poluição. O processo de produção é inócuo e o seu manuseamento e transporte não acarreta qualquer tipo de perigo além de ter todas as potencialidades do gasóleo. Como desvantagens tem o facto do custo de produção ser 1,5 a três vezes mais elevado que o gasóleo.
Incentivos fiscais, ao abrigo da União Europeia começam agora a criar competitividade entre o biocombustível e os combustíveis tradicionais. A França, maior produtor de biodiesel, adoptou o sistema de substituir o enxofre (responsável pela chuva ácida) no gasóleo tradicional por biodiesel, “o que traz um funcionamento mais silencioso e reduz significativamente a emissão de dióxido de carbono, principal causador do efeito de estufa”, relata o docente. O biodiesel pode ser usado puro ou misturado com o gasóleo, a forma mais comum é o B20 (20 por cento de biodiesel com 80 por cento de gasóleo), que “mesmo assim reduz bastante a emissão de gases poluentes”.
O biodiesel já tem aplicação real no mercado e estima-se que já tenham sido percorridos mais de 500 milhões de quilómetros em toda a Europa com veículos movidos por biocombustível. Em Portugal, ainda não há produção, mas está ser estudada a construção da primeira fábrica. A UBI inicia agora o estudo sobre combustíveis alternativos, que podem ser desenvolvidos na universidade, passando mesmo pela produção de biodiesel.