Armando Morais*

O Mercado Municipal da Covilhã

Os membros da Câmara Municipal de maioria PSD promovem em todos os discursos o auto-elogio da sua gestão. A propósito deste ou daquele empreendimento, ou de simples ideia (como a Zona Franca das Penhas da Saúde), dizem logo que é “espectacular” ou que é “inédito” no país.
Não tenho dúvidas de que muitos cidadãos acreditam que as ideias que o executivo municipal a si próprio se atribui e classifica de “espectaculares e inovadoras”, são obra de verdadeiros deuses.
Evidentemente que uma análise mais próxima de algumas dessas realizações confirma que não é nada disso, antes pelo contrário. Vejamos o Mercado Municipal a que uma “ideia brilhante” amputou parte da sua estrutura para criar um silo-auto, atirando os quinteiros para o 2º andar. Ficam assim prejudicados vendedores e clientes porque os produtos ficam fora de mão no último piso.
Para além do absurdo de instalar um silo-auto num espaço comercial por excelência, dando-lhe uma utilização nada compatível com a finalidade para a qual foi criado, acaba por não trazer mais utentes ao Mercado já que o local está todos os Sábados superlotado com as carrinhas dos vendedores.
A pretexto duma possível derrocada da muralha, a Câmara Municipal deslocou os vendedores da peixaria para a cave do edifício, um sítio acanhado, frio no Inverno e excessivamente quente no Verão. Cada vendedor só dispõe de uma vitrine para expor o seu peixe vendo-se obrigado a colocar as restantes caixas no chão.
Além disso, o local não tem sanitários, levando ao fecho das bancas quando os vendedores se deslocam às casas de banho localizadas noutros andares. São também evidentes os prejuízos nas vendas, já que o percurso normal dos utilizadores do Mercado não passa por ali, acontecendo que muitas vezes acabam por não ir à peixaria.
Não deixa de ser curioso que no local onde antes esteve a peixaria e que motivou a sua mudança pelo perigo de desmoronamento da muralha, estão agora, aos Sábados, os vendedores de ovos. Ficamos a saber que o executivo acredita que a muralha não cairá num Sábado!
A juntar a tudo isto, os vendedores de peixe não têm acesso ao frigorífico municipal, devendo ser o único mercado do país onde tal acontece. É caso para dizer: ”inédito”!


*Membro da Assembleia Municipal da Covilhã
(armando.morais@iol.pt)