Por Eduardo Alves


A sala do workshop esteve cheia

As sociedades mudam e o mundo do trabalho também. Encontrar novos pontos de convergência entre estes dois campos é o objectivo do worshop promovido pela Centro de Estudos Sociais da UBI. Uma temática que reuniu no pólo IV da UBI personalidades de vários quadrantes. Os "novos desafios na organização do trabalho" foram debatidos por professores universitários, responsáveis por projectos de cariz social e entidades empregadores.
Na introdução da sua palestra, Rui Mora, docente da Universidade Autónoma (UA) explica a importância do debate. Para este estudioso "da massa social", o início do século XXI marca "o confronto entre os velhos e os novos paradigmas tecnológicos, económicos e laborais". Depois de meio século de condutas e contratos laborais, "baseados em modelos antigos", o docente da UA explica que "o mercado está a mudar o seu comportamento".
Todos aqueles que procuram o "seu lugar ao sol", devem apresentar como credenciais, "a formação e o conhecimento multifacetado" aliados a "uma nova dinâmica laboral", acrescenta Rui Mora. Daí que, o investimento em áreas científicas seja um dos principais objectivos para o nosso país. Portugal "deve aproveitar bem os fundos comunitários" e aplicar estas mesmas verbas "na formação das suas pessoas". Desta maneira, Mora garante que o desenvolvimento "será maior", tal como o crescimento do mercado.

Empreendedorismo é fundamental

Mais difícil de proferir do que aplicar, esta palavra resume a capacidade de iniciativa presente em cada pessoa. A sincronia dos tempos e a flexibilidade destes mesmos compõem o estudo de Emília Araújo. A socióloga da Universidade do Minho (UM) refere que "os novos desafios do mundo laboral tendem a suplantar as obrigações familiares". Cada vez mais "se investe tempo no trabalho e se esquece a família", afiança a docente.
Construir modelos compatíveis entre os dois mundos, é para Emília Araújo a base "do sucesso pessoal e profissional". Para que se obtenham os melhores resultados "e alcancem utopias". A formação deve estar sempre presente, mas "de forma a poder ser compatível com o plano familiar". A resolução desta problemática e de possíveis incompatibilidades "passa pelo trabalhador e pela sua gestão laboral", referem as palavras da docente, mas "as entidades laborais e a própria família devem contribuir com todo o apoio possível", remata.
O projecto ConVidas prevê "dar um enfoque especial ao mundo do trabalho". A Beira Serra, em parceria com várias entidades, entre as quais a UBI, é a a entidade promotora do ConVidas. Graça Rojão, coordenadora desta iniciativa, sublinha ainda o papel essencial que o emprego tem para a conciliação entre "a vida familiar e a realização profissional de cada indivíduo".
Nas contas do trabalho somam-se democratização no acesso às novas tecnologias e investimento na formação, mas subtrai-se "o tempo dado à família e ao lazer", analisa a coordenadora. Daí que a principal conclusão deste workshop aponte para novas políticas de gestão de tempo.