Nélson corta mais um ataque do Chaves perante o esforço de Arrieta e o apoio de Gérson
Liga de Honra
Vitória sofrida sobre o Chaves acalenta o sonho

A vencer por 3-0 a 15 minutos do fim, o Covilhã permite dois golos e termina o jogo em sofrimento. Ainda assim, a vitória não escapa e os três pontos ficam no Santos Pinto. Ainda há esperança na Serra.


Alexandre S. Silva
NC / Urbi et Orbi


Ainda há esperança. Não muita, é certo, mas a suficiente para os Leões da Serra continuarem a acreditar que ainda é possível a permanência no segundo escalão do futebol português. No último domingo, no Santos Pinto, frente ao Desportivo de Chaves, os pupilos de Cavaleiro voltaram a arregaçar as mangas, e a acreditar. E desta vez o trabalho deu frutos. Ou melhor… golos. Por três vezes os leões fizeram o gosto ao pé (e à cabeça) e conseguiram margem suficiente para assegurar os três pontos e aguentar mais de 20 minutos a jogar com 10 (expulsão de Trindade) e sem centrais. Um pequeno período de desconcentração na parte final poderia deitar tudo a perder. Os serranos permitiram dois golos em menos de quatro minutos e terminaram a partida em sofrimento. Mas a justiça, desta vez, prevaleceu e a vitória não escapou.
O resultado começou a ser construído na primeira parte. A bem dizer, os golos foram mesmo o único ingrediente de 45 minutos destemperados. Em campo apresentavam-se duas equipas lentas a mexer e a pensar, de tal modo, que o primeiro lance de verdadeiro perigo surgiu apenas aos 23 minutos: Trindade ganha no meio campo e corre em direcção à área. Tarantini foge para a esquerda e arrasta consigo um central, abrindo um espaço para o remate do capitão que vai embater na trave de Tó Ferreira.
À meia-hora de jogo, Cavaleiro lê bem e troca Rui Andrade por Orlando. O “tónico” funcionou quase instantaneamente. Três minutos depois o Covilhã chega ao golo depois de o extremo recuperar uma bola quase perdida junto à linha e assistir Nélson que marca, dentro da pequena área, com um pouco de sorte à mistura. Quatro minutos depois os serranos ampliam a vantagem numa jogada que tem início, novamente, em Orlando. O número oito covilhanense desmarca Trindade que, já dentro da área cruza para um cabeceamento exemplar de Oséias.
Ainda antes do intervalo, os transmontanos sofrem novo revés e, de novo, com influência de Orlando. Valença, numa disputa de bola mais acesa com o extremo serrano acaba por atingi-lo na face e Paulo Pereira, o árbitro da partida, acena sem contemplações com o vermelho ao nortenho. Uma decisão algo exagerada uma vez que os jogadores vinham, há vários metros, a empurrar-se mutuamente.

Chaves ainda assusta

Em inferioridade numérica e em desvantagem no marcador, o técnico transmontano tenta mudar o rumo dos acontecimentos logo ao intervalo, deixando Daniel e Miguel Xavier nos balneários e lançando em campo João Alves e Diogo. Ganhou mais consistência a formação do Chaves e ganhou mais emoção um jogo que, até aí, tinha valido pelos golos. A turma forasteira passou a jogar com outra garra e a disputar melhor a bola. E, durante alguns minutos, conseguem empurrar os serranos para o seu meio-campo. Ainda assim, e pese o facto de o Covilhã jogar apenas com um central de raiz (Gérson) devido às ausências de Piguita e Real, a turma da casa nunca vacilou na defesa nem descurou o ataque. Prova disso, Hermes, aos 64 minutos, obriga Tó Ferreira à defesa da tarde depois de uma bela jogada de contra-ataque que passa pelos pés de Bruno Caires e Rui Morais.
O terceiro golo não tardaria, porém. Quatro minutos depois, o mesmo Hermes não desperdiça um falhanço de Tó Ferreira que sai fora de tempo a um pontapé de canto e, nas costas do guarda-redes, cabeceia para o fundo da baliza.
Depois veio o pior. A vinte minutos do final, Paulo Pereira descortina uma falta de Trindade sobre Mateus na área serrana e dá duas machadadas no Covilhã de uma só vez: assinala penalti e expulsa o capitão leonino (até aí o melhor em campo). Arrieta não desperdiça e diminuiu para 3-1. A expulsão, mais que o golo, deixa o conjunto da casa em situação fragilizada, até porque Cavaleiro já tinha substituído Gérson, o seu único central disponível. E quatro minutos depois, na sequência de um canto, Correia marca de novo para o Chaves e dá o mote para um final emotivo e disputadíssimo em que o próprio guardião flaviense se envolveu em jogadas de ataque na área de Celso. O resultado, contudo, já estava feito.