Por Teresa Batista


O arquitecto Teotónio Pereira mostrou o "futuro" da Covilhã

A construção desenfreada, feita durante décadas, na cidade da Covilhã, originou uma arquitectura caótica, com graves consequências para a beleza paisagística da cidade. Para reduzir os problemas causados pelo mau planeamento urbanístico, o arquitecto Teotónio Pereira apresentou projectos em curso para valorizar alguns espaços da cidade.
Na conferência realizada terça feira, 30, no pólo das engenharias da Universidade da Beira Interior, o arquitecto mostrou as possíveis soluções para adequar a arquitectura às características do relevo da Covilhã. Para tal, o Programa Polis, inicialmente centrado apenas na requalificação das margens das ribeiras da Goldra e da Carpinteira, foi alargado às encostas da cidade, para permitir um controle da construção em algumas zonas.
A criação de projectos arquitectónicos, tendo em conta os declives e vales acentuados que formam a cidade, de modo "a acabarem com o emparedamento da Covilhã e valorizando as vistas panorâmicas para a Várzea, Cova da Beira, Gardunha e Serra da Estrela, é uma forma de enaltecer estas riquezas naturais da cidade", salienta Teotónio Pereira.
A proliferação de espaços verdes e a construção de pontes pedonais e elevadores, são projectos que têm em vista melhorar a qualidade de vida dos covilhanenses. O Jardim do Lago, o Rossio do Rato, o Jardim do Rodrigo são alguns dos espaços criados a pensar no lazer e no convívio da população.

Polis pode ajudar a reordenação

Fazer uma adequação entre arquitectura e paisagística aplicada aos vários projectos individuais é o principal objectivo do programa Polis. No entanto, não vai haver dinheiro para financiar a execução de todas as obras. Teotónio Pereira, confessa que "há esperança que a Câmara da Covilhã tenha possibilidades de continuar todo o trabalho projectado".
O arquitecto fala ainda da construção de dois elevadores, um que vai ligar a Avenida Ávila e Bolama ao Mercado Municipal e o outro ligará a Avenida 25 de Abril à Rua Visconde da Coriscada. "Estamos perante planos de pormenor, que adequados ao relevo e ao declive da cidade, vão melhorar a qualidade de vida das pessoas. Os elevadores, juntamente com as pontes pedonais, vão permitir uma maior mobilidade na cidade, evitando o carro e superando a insuficiência dos transportes públicos", acrescenta Teotónio Pereira. A construção de estruturas para remediar os erros cometidos tendo em conta um novo projecto de loteamento, feito através da construção de prédios perpendiculares aos arruamentos também faz parte das propostas apresentadas pelo arquitecto.
Todas estas intervenções previstas para a cidade da Covilhã "estarão concluídas no horizonte de dez anos", garante o arquitecto. Contudo, "ao longo do tempo haverá projectos que irão sendo concluídos", acrescenta. Teotónio Pereira terminou a sua palestra deixando um alerta para os alunos de arquitectura. O arquitecto lembrou que antes de se fazer qualquer projecto é preciso conhecer muito bem o terreno onde se vai intervir, no sentido de apresentar soluções adequadas às características do local.