Por Andreia Ferreira


A falta de interesse foi um dos temas em dabate

Como forma de assinalar os 30 anos do 25 de Abril, a Associação de Estudantes da Universidade da Beira Interior (AAUBI) organizou, para além de exposições e emissões audiovisuais e radiofónicas, um conjunto de conferências.
Desta vez com o tema "As crises académicas de ontem e de hoje – dissociação de estudantes?", Artur Patuleia da AAUBI explica que pretenderam mostrar aos colegas "a analogia entre os movimentos estudantis de agora com os anteriores ao 25 de Abril de 1974, e que na altura abalaram profundamente o regime vigente".
Num ambiente informal e ao jeito de tertúlia, discutiu-se o 25 de Abril na perspectiva de duas gerações.
O jovem não consegue compreender como nos dias de hoje não se verifica uma participação acentuada por parte dos estudantes na luta pelos seus interesses.
Artur Patuleia vê, com as assembleias pouco participadas e com o escasso número de listas nas campanhas para a Associação, um "egoísmo dos estudantes que pensam apenas na sua vivência e não nos problemas dos colegas".
Pedro Guedes até compreende que os jovens não se sintam motivados para lutar por determinados objectivos. Na sua perspectiva "em duas gerações esgotou-se um conjunto de ideias". "As pessoas têm receio de tomar atitudes, porque é tudo muito efémero", acrescenta. Antes do 25 de Abril havia apenas duas hipóteses, estar contra a ditadura ou a favor dela; nos dias de hoje são vários os caminhos.
Os estudantes do pré-25 de Abril lutavam para não irem para a Guerra Colonial, discutiam a repressão e a PIDE. O debate ideológico de agora prende-se com questões relacionadas com as propinas e assuntos pedagógicos, que na óptica de Pedro Guedes "não são temas suficientemente motivadoras para impulsionarem os estudantes para a luta".
Para fechar o debate ambos consideraram que a participação cívica nos órgãos associativos é fundamental e é também função dos alunos, para além de estudar.