Crise directiva no Sporting da Covilhã
Comissão gere clube até ao início da próxima época

João Petrucci demite-se do cargo de presidente e deixa o Covilhã sem Direcção. Ainda assim, o dirigente aceita integrar uma Comissão de Gestão. Mas foram necessários dois dias para resolver a crise.

Alexandre S. Silva
NC / Urbi et Orbi


Foram necessárias duas reuniões para os sócios do Sporting da Covilhã encontrarem uma solução para a crise directiva que assola o clube serrano. Na Assembleia Geral (AG) do passado dia 27, João Petrucci entregou a carta de demissão ao presidente da Mesa e abriu um vazio directivo que não foi possível solucionar. Os trabalhos foram interrompidos por 24 horas e, na noite seguinte, surgiu, finalmente, uma lista de 13 elementos para integrar, provisoriamente, uma Comissão de Gestão.
Recorde-se que, esta época, o clube serrano ainda não foi a eleições. O acto eleitoral, para escolher o elenco directivo para o mandato 2004-2007, inicialmente agendado para Março, acabou por ser adiado por falta de listas candidatas. Na altura, e numa Assembleia Geral polémica que abriu uma cisão entre João Petrucci e Brito Rocha, e que culminou com a demissão deste último do cargo de presidente da Mesa, os sócios decidiram manter a actual Direcção em funções até ser agendado novo acto eleitoral.
O novo prazo para entrega de listas terminou na semana passada sem que nenhuma lista desse entrada na sede do clube. A última hipótese seria mesmo a Assembleia Geral de quinta-feira, 27, mas também ninguém avançou. João Petrucci ainda anuncia ter uma lista de sócios em sua posse, pronta a avançar. Mas não a entrega, diz, “porque o clube está numa situação muito delicada e não quero criar problemas aos amigos e às suas famílias”. E acto contínuo entrega a sua demissão ao presidente da Mesa, Pinheiro da Fonseca.

Cem mil euros de dívida

Em causa estava a dívida à Caixa Agrícola do Fundão. Um empréstimo de cerca de 100 mil euros contraído em 1997 durante a presidência de Brito Rocha que, desde então, ainda não teve qualquer amortização a não ser o pagamento dos juros. Verba que já ascende, afirma Petrucci, “a cerca de 30 mil euros”. O clube, informa o dirigente, “chegou a ter um acordo com o banco para amortizar a dívida em prestações de mil e 500 euros por mês”. Entretanto, o montante em causa terá sido saldado junto do banco por Brito Rocha que, segundo Petrucci, “exige o pagamento da quantia em 12 meses”. Uma situação “praticamente impossível”, reclama o dirigente, que revela já ter enviado uma carta ao antigo presidente da Direcção e da Assembleia Geral com uma proposta de pagamento faseado, idêntica ao acordo que existia com o banco. Até agora, lamenta, “ainda não houve qualquer resposta”.

Surpresa na sexta-feira

Perante a demissão de João Petrucci, Pinheiro da Fonseca vê-se obrigado a nomear uma Comissão de Gestão. O presidente da AG ainda tentou convencer o presidente demissionário a encabeçá-la numa reunião privada, mas sem sucesso. E como ninguém se mostrou disponível, para formar um órgão de gestão naquele momento, o líder da Mesa acabou mesmo por ceder aos pedidos de interromper os trabalhos por 24 horas.
A surpresa chegou na sexta-feira. Depois de um momento em que parecia que a situação se ia manter, e que o clube teria mesmo que entregar a chave da sede ao presidente da Câmara, eis que João Petrucci apresenta uma equipa para formar uma Comissão de Gestão. Na lista de 13 nomes (ver caixa) encontra-se, para além do seu, o de Pinheiro da Fonseca que, na noite anterior, se teria recusado, também, a integrar tal órgão. Ainda assim, Petrucci lamenta “o alheamento dos sócios”, lembra que esta é uma solução provisória e que, até ao início da próxima temporada, tem que haver uma Direcção. Caso contrário, bate definitivamente com a porta.