Por Daniel Sousa e Silva


O pavilhã de Portugal em Hannover

”A sétima foi a última conferência dedicada à arquitectura deste ano lectivo”. O anúncio foi lançado por José Callado, director da licenciatura em Arquitectura da UBI, enquanto apresentava o orador, Rui Barreiros Duarte, convidado para falar sobre lugar do efémero no contexto da arquitectura.
”O efémero aplicado à arquitectura trata-se de meditar, preparar e executar algo que apenas permanece na memória”, lançou José Callado, dando a palavra a Rui Duarte, que fez a apresentação de uma série de imagens sobre o tema.
Rui Duarte é da opinião que “o efémero tem mantido muita actualidade na cena da arquitectura, uma vez que, podendo-se pegar na estrutura e deixar incólume o local onde estava, tem a vantagem de ficar nas mente e não nos locais”, considerando que “existem outras lógicas na arquitectura para além da do irreversível”.
Um exemplo próximo dado por Rui Duarte é a estrutura da Feira do Livro de Lisboa. “É algo que se monta, desmonta e transporta para onde é necessário”, descreve.
A infra-estrutura montada para acolher os espectadores da Regata Tour 2000, junto à Torre de Bélem, em Lisboa foi também apresentado por Duarte, em que se “envolve vários intervenientes, pois algo pode parecer simples, só que abarca muita gente e o mais importante é saber controlar os seus timings”.
A Exposição Mundial de Hannover 2000 (Alemanha) foi também apresentada por Rui Duarte, em especial o Pavilhão de Portugal, desenhado por Siza Vieira. “Cobriu-se toda a estrutura com cortiça com o objectivo de se passar uma mensagem ecológica”, explicita. De seguida, percorreu-se alguns dos pavilhões mais emblemáticos da exposição. Irlanda, Finlândia e Noruega são alguns dos descritos.

”É tempo de mudança”

No entender deste professor da Faculdade de Arquitectura de Lisboa, a relação entre o homem e a arquitectura deve sempre envolver três componentes: física, psicológica. Por isso, diz: “Construía-se para a eternidade no tempo das pirâmides do Egipto,” em tom de gracejo. Apontou a Torre Eiffel como exemplo contraditório de uma construção com objectivo efémero, mas que se tornou permanente. “Muitas vezes as criações efémeras começam por criar repulsa, mas depois tornam-se símbolos de cidades”, indica.
Uma vertente que, para Rui Duarte, tem de ser melhorada em Portugal é a arquitectura do espectáculo. “Tem de haver uma mudança de atitude e não se ficar pela barraquinha popular”, atira para o público. O professor é defensor da aplicação da inovação efémera, “porque é reutilizável, de boa qualidade e, por isso, pode tornar competitivo”, lamentando o facto de ainda não se ter alcançado a cultura do efémero no País.