Noivos de São Tiago
"Vou casar pelo meu filho"

Ao contrário de uma grande parte das pessoas, para José e Sílvia casar, em si, não é o mais importante das suas vidas. Mas querem baptizar o seu filho e por isso têm que dar o nó .

Andreia Reis
NC / Urbi et Orbi


A partir do momento que nasce um filho, os pais passam a viver em função dele. Tudo fazem a pensar nele, com vista sempre em poder dar-lhe o melhor e correm os sacrifícios necessários para o ver feliz. José e Sílvia, como pais, não são excepção. E como declararam , é mesmo isto que querem para João Ricardo, o rebento que completou cinco meses no último dia 7.
Este é um dos oito casais que no próximo dia 25 de Julho dão o nó. No entanto, são um casal diferente. Ao contrário da maioria dos casais, que vêm o casar pela igreja como um sonho tornado realidade (uns mais do que outros), José e Sílvia casam porque "tem que ser". Depois de namorarem durante mais de um ano, José e Sílvia comemoram, na próxima terça-feira, 15 dias que casaram pelo Registo Civil. A viverem juntos na Covilhã há cerca de quatro meses, eles querem baptizar o menino e para isso é necessário casar pela igreja, caso contrário, não era coisa que os "puxava" muito a fazer. "Só vou casar pelo meu filho, porque, em si, nunca foi uma ideia que me atraiu", confessa Sílvia, acrescentando que "toda a gente, quando chega a uma certa altura, começa a sonhar com o casamento, com os filhos e com a casa". "Um filho, eu já tenho e o casamento não me diz muito. A única coisa que eu quero da vida é que ele cresça forte, saudável e com saúde. O resto não me interessa", revela. José concorda e partilha da ideia da mulher. Mas uma vez que querem ver o seu filho baptizado, tiveram que consumar este acto.

"Preferíamos casar sozinhos"

Para além disso, recorreram aos "Noivos de São Tiago" para casar devido, mais uma vez, às dificuldades económicas. Sílvia, 22 anos está neste momento desempregada, mas anda à procura de emprego. José, 24, é ajudante de motorista. Dizer o sim desta maneira também não era o que este casal mais queria. No entanto, a força das circunstâncias assim o obrigou. "Para nós foi tudo muito repentino", diz Sílvia, ao mesmo tempo que explica: "Quando o José foi buscar os papéis para a inscrição, eu não queria porque sentia um pouco de vergonha, mas depois tudo se passou muito depressa". Sílvia sentia-se envergonhada pelo facto de "casar com tantos casais ao mesmo tempo e de toda a gente ficar a olhar". "Isso incomoda-me um bocadinho, mas não havia outra hipótese", lamenta. Agora já se sente mais à vontade. Até porque com as reuniões que se foram marcando com os outros casais, a noiva foi-se desinibindo. "Penso que até vai ser divertido. Nas reuniões vamos conhecendo os nossos colegas, também se forma uma amizade e vamos criando um certo clima de família", observa. Mesmo assim, sublinha, "preferia casar sozinha, mas como não pode ser, não faz mal". José diz o mesmo. "Para mim vai ser um casamento igual a todos os outros, mas é claro que preferia casar sozinho com ela. Assim até já podia fazer as coisas de forma diferente e levar os convidados que quisesse", salienta o noivo.
O casal, que sempre teve esperanças de ser aceite não se mostra nervoso para o grande dia, mas diz ter tudo já preparado. "Apenas falta convidar quatro pessoas, de resto está tudo pronto", sossega a noiva. A lua de mel, essa está marcada para o Porto, mais propriamente para Matosinhos. "Vamos lá passar 15 dias e voltamos no dia 8 de Agosto", conta José.


 


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