Os trabalhadores das Minas da Panasqueira, a receber do Fundo de Garantia Salarial desde Fevereiro, estão descontentes com a administração da empresa, a Beiralt In & Volfram, por estar a pagar salários mais elevados a mineiros recentemente contratados. Por isso, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira pretende retomar as negociações para aumento salarial. As dificuldades no escoamento da produção do volfrâmio sentidas em Fevereiro estão ultrapassadas, uma vez que a Beiralt In conseguiu um contrato de dois anos com uma empresa norte-americana, e deu-se uma valorização do dólar em relação ao euro, estando mais distante o encerramento que se adivinhava no início do ano. Daí que a administração das minas tivesse contratado cerca de 50 antigos mineiros que haviam abandonado a empresa nos últimos anos. "Como a administração sabe que não se formam mineiros sem mais nem menos, contratou-os, mas acontece que lhes está a pagar mais do que aos que ficaram com a empresa durante esta crise, o que é perfeitamente injusto", protesta António Matias, do sindicato. Segundo este responsável, "o descontentamento dos trabalhadores é geral ".
O administrador da empresa, Fernando Vitorino, confirma que os novos mineiros estão a receber salários mais elevados do que os outros e assegura que o contratos foram feitos de acordo com o que consta no contrato colectivo de trabalho, que permite admitir um determinado número de categorias em função da sua actividade, daí que recebam uma remuneração diferente. Segundo explica, são "ex-mineiros pajadores, que são os que recolhem a terra onde se encontra o minério e que são da confiança do capataz". "As pessoas que agora contratámos são da nossa máxima confiança", sublinha. "Para se ter uma ideia do que representa o seu trabalho, basta dizer que em Fevereiro deste ano a produção andava pelas 86 toneladas e agora, em Junho, já estamos a pensar numa produção a rondar as 130", explica Fernando Vitorino, ao acrescentar que, caso se verifique que os outros pajadores "conseguem alcançar o mesmo ritmo" dos recém-contratados, "naturalmente que serão remunerados da mesma maneira".