NC / Urbi et Orbi



Após anos de indefinição, o antigo Sanatório regressa às mãos da Turistrela

A Enatur comunicou à empresa concessionária do turismo na Serra da Estrela, a Turistrela, que não tem verbas para a construção da pousada no antigo Sanatório dos Ferroviários, que, como os prazos da obra não foram respeitados, accionou a cláusula de reversão do imóvel, vendido em 1998 pelo preço simbólico de um escudo para viabilizar a construção da pousada. A Turistrela diz que vai concretizar o projecto, através da candidatura a fundos comunitários e investimento privado, e a solução poderá passar, como estava previsto, por integrar a rede Pousadas de Portugal através de franchising. Como acontece com a de Belmonte.
Segundo Paulo Ramos, presidente do concelho de administração da Turistrela, a ideia é manter o projecto da autoria do arquitecto Souto Moura, e essa seria uma forma de o conseguir, já que manteria os objectivos e os princípios que fundamentam a sua construção. Embora estejam outras hipóteses a ser estudadas aquela sobre a qual se está a trabalhar é a de continuar com a denominação de pousada. Paulo Ramos frisa que a Enatur se mostrou receptiva a esta proposta e acrescenta que esta seria também uma forma de sair menos mal da situação que criou.
Recorde-se que a Enatur, de capitais maioritariamente públicos, tinha como prazo para a conclusão do empreendimento até final de 2003, quando lançou o concurso internacional. A Turistrela acedeu então em dilatar as datas a pedido da Enatur, com a condição de as obras terem início até ao final do ano passado e estarem concluídas até 2005. A empresa ainda voltou a pedir novo adiamento, até Março deste ano, altura em que foi feita a reunião com a Turistrela para comunicar que até ao fim deste Quadro Comunitário de Apoio já não iam ter verbas para avançar. A adjudicação não chegou a ser feita.


A intervenção no edíficio projectado por Cottinelli Telmo está prevista para 2005



Obra para começar no início do ano

"Neste momento é ponto assente que a Enatur não vai construir", sublinha Paulo Ramos, que lembra que as verbas disponíveis para a requalificação do edifício deixaram de existir porque, segundo a Enatur, serviu para a conclusão de outras pousadas. Quanto a novos prazos este responsável aponta o "primeiro semestre de 2005" para as obras começarem, "se o processo não tiver muitos entraves". O mesmo será dizer se as candidaturas forem entregues nos próximos meses. Mas realça que é preciso falar com a Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE) e com a Enatur para candidatar o projecto.
Paulo Ramos diz que só tomaram a decisão de assumir a requalificação do ex-sanatório porque os compromissos assumidos pela Enatur não foram cumpridos, assim como as promessas feitas pelo Governo. Por isso este responsável entende que a região deve cobrar isso e que a Serra da Estrela deve ser beneficiada com outros apoios e "olhada de um modo diferente do que tem sido" pelo Governo.

Patrão defende inquérito parlamentar

Jorge Patrão, presidente da Região de Turismo, diz que não é só ele como toda uma região que está desiludida com as promessas por cumprir de tantos governantes e salienta que "responsáveis públicos vão perder para privados este património". O presidente da RTSE diz que se verificar que o edifício vai voltar para a Turistrela tudo vão fazer para ajudar a empresa a concretizar o projecto. Quanto ao aparecimento de investidores privados interessados, não tem dúvidas de que vão surgir, e sublinha que é uma pessoa optimista e que tem a certeza de que a pousada vai ser uma realidade.
Jorge Patrão não compreende é como 60 milhões que existiam para a construção de novas pousadas não chegaram para fazer a única que estava projectada para o Interior. E defende a instauração de um inquérito parlamentar através da comissão para o turismo, de modo a que se averigue o que aconteceu e para onde foi o dinheiro. Para já Patrão está a equacionar fazer essa exigência e pondera agir nesse sentido quando o retorno do edifício for formalizado.



A construção de um casino nas Penhas da Saúde ainda é uma hipótese a ser discutida



A concessão do casino para quem construir


Na passada semana surgia a hipótese de que quem construísse a pousada ficasse com a concessão do casino que a Câmara da Covilhã e a Turistrela querem ver nas Penhas da Saúde.
Paulo Ramos sublinha que "as soluções não estão esgotadas" e que "eventualmente poderia ser uma possibilidade", mas diz que ainda não sabem qual vai ser a decisão do Governo sobre o pedido de instalar ali uma zona de jogo e que é a autarquia que tem desenvolvido os contactos nessa matéria. Por isso diz que não pode nem deve tecer considerações sobre essa hipótese.
A decisão do Governo sobre a atribuição de uma zona de jogo era suposto ser conhecida em Abril, altura em que estava previsto que estivesse concluída a análise de todo o sistema de jogo a nível nacional, que vai sofrer alterações, mas ainda não há novidades. Entretanto o agora ex-secretário de Estado do Turismo já esteve na região mas recusou-se a fazer qualquer comentário sobre o assunto.