Por Eduardo Alves


A aldeia histórica de Castelo Novo vai ser palco de mais um Festival do Vento

Papagaios de papel, cataventos instrumentos que produzem sons musicais, “entenda-se”, são algumas das atracções de um evento que se desenrola em torno do vento. Este fenómeno natural, cuja força e capacidade inata parece ser uma separação constante do que está junto, torna-se, por estes dias, em Castelo Novo, elemento unificador de saberes e fazeres culturais.
A iniciativa da autarquia fundanense, marcada para o centro da aldeia histórica, está carregada de simbolismo e de acções. Oficina de Instrumentos de Sopro, Espectáculo de Dança pela Companhia Neodanza (Venezuela), Philip Hamilton (EUA) (evento integrado no “Fringe 2004” – Festival Internacional de Dança Contemporânea) e voo cativo em balão de ar quente são algumas das razões para ir até Castelo Novo.
Um dos pontos altos deste Festival acontecerá logo no dia de abertura, a 2 de Setembro. Pelas 21 horas, na Lagariça, terá lugar o lançamento da antologia de poesia ibérica “Vento – Sombra de Vozes / Viento – Sombra de Voces”. Uma obra que reúne 68 poetas espanhóis e portugueses e onde o vento é o elemento unificador que perpassa todas as páginas escritas nas duas línguas.
Editada pela Câmara Municipal do Fundão e Celya Editora (editora sediada em Salamanca, Espanha), esta antologia apresenta-se como uma homenagem à matéria simbólica e poética que é o vento, elemento agregador e criador. Fomentando a cooperação transfronteiriça, valorizando a cultura poética e elevando ainda mais a língua portuguesa, o Município do Fundão ultrapassa a fronteira da interioridade, acariciando novas aragens que sopram de outras latitudes da Península Ibérica.
Em perfeita comunhão linguística e poética, a apresentação de “Vento – Sombra de Vozes / Viento – Sombra de Voces” - a cargo de Gabriel Magalhães, docente da Universidade da Beira Interior -, constará ainda de um recital. António Salvado, Jorge Fragoso, José do Carmo Francisco, Nicolau Saião, Pedro Sena-Lino, Rafael Dionísio, Jesús Losada, María Ángeles Maeso e Santos Jimenez são as vozes poéticas por onde soprará o vento português e espanhol, respectivamente.
Já no dia 3 de Setembro, e a partir das 21:30h, as ruas de Castelo Novo vão servir de palco a um diálogo entre a dança e o património arquitectónico. Trata-se do Espectáculo de Dança pela Companhia Neodanza (Venezuela) e Philip Hamilton (EUA) (evento integrado no “Fringe 2004” – Festival Internacional de Dança Contemporânea). Intensidade, união entre o físico e o psicológico e o confronto da vida urbana com o ambiente relaxante de Castelo Novo são algumas das características de um espectáculo que juntará artistas oriundos de vários pontos do Mundo.
Trazer a dança contemporânea à rua, trabalhar o diálogo entre esta forma de expressão e o património das localidades é a ideia de base do “Fringe 2004 – Festival Internacional de Dança Contemporânea”. O fringe (que significa baixos custos) tem como objectivo sensibilizar públicos para a leitura de um movimento pós-moderno e aposta forte na descentralização da dança em Portugal. A qualidade das actividades desenvolvidas tem conquistado muito público pois nas suas cinco edições o fringe contou com mais de 350 artistas e acolheu 40 mil visitantes.
Do programa do Festival destaca-se igualmente a apresentação do livro “Redemoinhos – Ventos e Tempos da Beira”, no dia 4 de Setembro, pelas 15 horas, nos antigos Paços do Concelho de Castelo Novo. Coordenado por Maria Adelaide Salvado, o ensaio será apresentado pelo conhecido meteorologista José Manuel Costa Alves.
Ainda no dia 4, pelas 21:30h, os Antigos Paços do Concelho recebem o quarteto de acordeões Danças Ocultas, um grupo vindo de Águeda e considerados pela crítica como um dos projectos mais interessantes da nova música portuguesa.
Para o último dia do Festival, 5 de Setembro, logo às 9h, o público terá oportunidade de desfrutar da exposição de objectos eólicos, produto das oficinas que vão ter lugar. Uma intervenção artística exibida pelas ruas, janelas e varandas da Aldeia Histórica. E de, a partir das 10h, subir ao encontro do céu num balão de ar quente
O encerramento do Festival de Castelo Novo – Encontro do Vento será ao som dos instrumentos de sopro. O Concerto Musicata não tem hora marcada. Está dependente da vontade do Sol em se pôr. A partir daí é desfrutar da música oferecida pelo grupo de jovens que desde dia 2 estive envolvido num estágio na Academia de Música e Dança do Fundão.