João Alves
NC / Urbi et Orbi


Há muito que os autarcas da região reclamam melhores acessos a Coimbra

A Câmara Municipal de Seia reúne, extraordinariamente, no alto da Torre, no auditório do Parque Natural da Serra da Estrela, no próximo dia 24, pelas 15 horas, de modo a abordar a falta de investimento público na região, concretamente ao nível das acessibilidades. O anúncio foi feito pelo presidente do município, Eduardo Brito, no decorrer da última reunião do executivo autárquico.
A discussão em torno das acessibilidades à região da Serra da Estrela, o segundo maior destino turístico, a seguir ao Algarve, é o principal ponto da reunião já que, segundo o autarca senense, a Serra “não tem merecido o melhor tratamento”. Em causa estão os problemas relacionados com a Estrada Nacional 339, principal acesso ao planalto central da Serra da Estrela, entre Seia e a Torre, objecto de um memorando apresentado pela autarquia, recentemente, ao Ministério das Obras Públicas, sugerindo uma intervenção para aqueles 28,5 quilómetros de estrada. Em causa estava um novo pavimento, parques de estacionamento, meia dúzia de locais para inversão de marcha e pequenos alargamentos nas zonas de valeta, entre outras melhorias. O autarca diz que o município corre “ risco de chegar ao próximo Inverno e voltar a enfrentar as mesmas dificuldades”, referindo-se aos problemas de circulação de veículos, originados pela queda de neve na Serra, como aconteceu o ano passado, durante o Carnaval. Na altura, a elevada afluência de turistas, que queriam visitar o Maciço Central, entupiu por completo as principais artérias no acesso à neve, fazendo com que vários visitantes ficassem retidos, na montanha, durante algumas horas. Eduardo Brito assegura que a autarquia vai “voltar à carga” para que o “Governo cumpra a sua parte” e promova as obras solicitadas. “São reivindicações velhas que têm de ser, de uma vez por todas, respeitadas”, sublinha. Apesar do Instituto de Estradas ter vindo a efectuar algumas melhorias, o autarca continua, no entanto, a achar que “nada disto é suficiente”, acrescentando que “dadas as necessidades da região, o que está a ser feito é, efectivamente, muito pouco”.

Reuniões com o Governo

O município senense pretende obter algumas respostas relativamente ao protelado traçado definitivo do IC 6 (Covilhã – Coimbra), IC 7 (Vendas de Galizes – Celorico da Beira) e IC 37 (Seia – Nelas – Viseu), que entende serem “verdadeiramente estruturantes para a região”.
Recorde-se que o IC6 voltou a estar na ordem do dia na passada semana, com o autarca covilhanense, Carlos Pinto, a escrever ao novo primeiro-ministro Santana Lopes, solicitando a abertura "do concurso para concepção, projecto, financiamento, construção e exploração da Auto-estrada Covilhã-Coimbra". Pinto volta à carga por uma via que pretende com perfil de auto-estrada, de modo a desencravar a região no acesso ao litoral, nomeadamente à cidade dos estudantes, pois, diz o autarca, das hipóteses que existem no momento, qualquer uma delas é insuficiente, pois são precisas mais de duas horas e meia para se fazerem 140 quilómetros em linha recta. Carlos Pinto defende este perfil e diz a Santana que, caso a via não seja assim, "dentro de poucos anos estaremos a voltar ao tema e a repetir o “síndrome do IP5". E o autarca aponta o pagamento de portagens como uma das soluções para a falta de verbas para construção desta acessibilidade. Já em Fevereiro deste ano Carlos Pinto tinha escrito ao então líder do Governo, Durão Barroso, e já nessa altura sugeria o pagamento de portagens para que se iniciasse a construção da obra o mais breve possível.
Também o autarca senense, Eduardo Brito, diz que a região não pode esperar mais por esta estrada e já está a tentar marcar um conjunto de reuniões com o Governo de modo a saber com está o projecto do IC6.
Porém, na passada semana, em Gouveia, o secretário de Estado das Obras Públicas, Jorge Costa, admitiu que os projectos do IC6, IC7 e IC37 vão ser "reequacionados" no âmbito de uma revisão do Plano Rodoviário Nacional, pois, salienta, "para uma região tão pequena em termos de dimensão de território, são IC's a mais".