O tipo de actividades da Empresa Municipal de Belmonte foi posto em causa pelos deputados "laranjas"
Assembleia Municipal de Belmonte
"Espero que a Empresa Municipal não se torne uma Comissão de Festas"

A Empresa Municipal de Belmonte, desde que foi criada, só teve uma iniciativa de mérito. Quem o diz é o PSD, na Assembleia Municipal, que põe em causa a função da entidade e a realização de actividades de qualidade duvidosa.


João Alves
NC / Urbi et Orbi


O alerta foi deixado na última Assembleia Municipal de Belmonte pelo deputado social-democrata José Carlos Gonçalves: "Espero que a empresa municipal não se torne numa comissão de festas". O deputado salienta que, ao longo de alguns meses, a empresa apenas teve uma iniciativa "importante e meritória", referindo-se à Feira Medieval realizada em Agosto, junto ao castelo, e todas as outras iniciativas foram de gosto duvidoso. O deputado disse mesmo que algumas das coisas que se fizeram "deixam-nos preocupados" e dá como exemplo uma festa realizada, no mês passado, na Praia Fluvial que, "tanto quanto sei, foi o maior mercado de droga durante esses dias. Este tipo de pessoas e de festas não nos interessa". O presidente da autarquia, Amândio Melo, registou a observação e disse que "vamos fazer passar esta reclamação ao presidente do Conselho de Administração da Empresa".
A reunião foi marcada por críticas das bancadas da CDU e PS ao início do ano lectivo, com o PSD a dizer que, neste ponto, "o Governo já assumiu as suas responsabilidades". Como não podia deixar de ser, também o tema das portagens na A23 marcou o encontro. O deputado Evaristo Duarte, do PS, repudiou o possível aparecimento de portagens na Auto-Estrada da Beira Interior, pois esta "é uma obra que era vista como uma janela de oportunidades no combate à desertificação", isto para uma população que, ao longo dos anos, "já sofreu demasiadas injustiças. Já o presidente da Junta de Freguesia de Belmonte, António Manuel Rodrigues (PSD) avançou com uma moção de censura na qual defendeu que a Assembleia se solidarizasse com a posição da Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor (AECBP) na luta contra as portagens. Também a deputada da CDU, Dulce Pinheiro, avançou com outra moção sobre este tema, acusando o Governo de deixar cair uma promessa de Durão Barroso. "O Governo quer que os cidadãos paguem pelos erros de quem os representa. Não há alternativas de qualidade e segurança à A23" explica. E adianta que a excepção de pagamento para residentes, "hoje, e após as portagens, será o primeiro passo para que amanhã toda a gente pague". Dulce Pinheiro salienta ainda os prejuízos que o pagamento da Auto-Estrada poderá trazer aos empresários da Beira Interior. Já o deputado do PSD, José Carlos Gonçalves, preferiu pôr "água na fervura", aconselhando uma atitude serena aos restantes membros da Assembleia. A única certeza que há são os custos que temos com as portagens que vamos ter que pagar a quem construiu as estradas", diz. Por isso, a bancada "laranja" absteve-se na primeira moção e votou contra a da CDU. No entanto, as duas moções seriam aprovadas por maioria.



Prédios abastecidos por cabo de obras

É este o cabo que abastece três prédios no Pinhal do Carrola

Outro dos temas "quentes" foi a situação do reabilitado Centro Educativo. Dulce Pinheiro pediu à câmara informação sobre que ciclos de ensino iriam para ali ser deslocados e para quando a abertura do espaço, já que, segundo a deputada comunista, "existem neste concelho turmas ilegais por falta de instalações e excesso de alunos". Amândio Melo afirma que as obras "já estão prontas" e que o edifício se destina ao 1º ciclo e pré escolar. O autarca assegura que "se há turmas ilegais não é por falta de espaço e aconselhou a deputada a perguntar ao Agrupamento quando é que o Centro iria abrir. É que, apesar de alguns atrasos, e após uma correcção de alguns defeitos detectados pela DREC, "o departamento de obras deu por concluídas as obras".
Já Acácio Dias levantou outra questão que tem a ver com três prédios, com mais de 20 apartamentos, que, segundo o deputado, são "abastecidos por um cabo de obras". O social-democrata diz que a situação é "um perigo" e que caso este problema não seja resolvido "irei denunciar o caso à EDP". Amândio Melo disse que "o senhor deputado está no direito de fazer o que bem entender" e que a autarquia "não está satisfeita, mas tecnicamente assumimos as nossas responsabilidades", embora diga que "admitimos que é uma situação que não devia existir". Acácio Dias pôs ainda em causa as novas instalações da Finanças, que saíram do edifício da Câmara, dizendo que "não cumpre a legislação para acesso de pessoas deficientes". Ou seja, existem dois andares, mas os deficientes apenas conseguem aceder ao primeiro, enquanto que a repartição "funciona no segundo". Acácio Dias diz que é preciso "uma rampa de acesso" e que as pessoas "têm que ser tratadas por igual". Amândio Melo diz que o edifício já estava feito e só depois se tornou num serviço público e que caso não tivesse os requisitos mínimos, "as Finanças sabiam".