Os condutores queixam-se da falta de informação da autarquia
Acessos condicionados
Obras transformam Centro Histórico num labirinto

A inversão do sentido do trânsito em algumas ruas ou o seu corte fez com que os carros que entram nas mesmas fiquem num beco sem saída, o que gera confusão. Muita gente não sabe como sair do Centro Histórico e queixa-se de falta de informação.


Ana Ribeiro Rodrigues
NC / Urbi et Orbi


Carros parados em frente a um sinal de sentido proibido sem saberem para onde ir e congestionamentos constantes. Este é um cenário habitual no largo da Casa dos Ministros, junto à Igreja de Santa Maria, onde há cerca de duas semanas, devido às obras em alguns arruamentos nas proximidades, houve novas alterações na sinalização. E com as trocas e inversões do sentido do trânsito que se têm verificado nas ruas que vão dar a este sítio, actualmente os carros entram no largo, mas têm dificuldade em sair porque não é possível fazê-lo nem pela Rua de Olivença nem pela dos Bombeiros. Os automobilistas queixam-se de falta de informação.
"Meti-me aqui e agora quero ver como é que vou sair de cá", diz José Fonseca, que já está há10 minutos parado junto à Rua das Portas do Sol. Os residentes, que já se começam a habituar aos pedidos constantes de informações, lá vão dando indicações, embora não seja fácil assimilar o que se ouve, tendo em conta as ruas estreitas da Covilhã. Muito menos para quem não é de cá, como é o caso de José Fonseca, de Ovar. "Estão-me a dizer para voltar para trás e virar para o antigo hospital, mas também não sei onde é.
Entretanto já outro carro pára perante o sinal que diz que não se pode descer a rua que vai dar ao mercado, e vai mais à frente. Mas nova surpresa. O sentido da rua passou novamente a ascendente e também por ali não se pode sair. A alternativa é voltar para trás, pela Rua Alexandre Herculano, que agora tem sentido só ascendente. O trânsito em sentido contrário faz-se pela rua do Notícias da Covilhã.



Não há avisos

"Vivo cá há 52 anos e parece que não conheço a Covilhã. Viemos apanhar a cidade irreconhecível", diz Eduarda Dinis.
Habitualmente passa nestes locais apenas a pé, mas desta vez sente-se culpada por ter convencido a amiga, Maria José Tavares, a passar ali de carro e causar-lhe todo este transtorno. Entretanto, já chegaram mais carros, tanto de um lado como de outro, e como a saída é só uma gera-se mais uma vez a confusão e torna-se complicado fazer a inversão de marcha. “Ao cimo da Rua (Alexandre Herculano) está uma placa a assinalar o desvio pela rua de cima, mas não há mais placas nem avisos e chegamos aqui e é proibido ir para todo o lado, não tem saída”, critica Maria José Tavares. “Pelo menos deviam deixar uma aberta para o trânsito circular”, continua.
Uma opinião partilhada por um outro automobilista que, como trabalha para a Câmara, prefere não se identificar. “Sou de cá e não sabia que isto estava assim. Acho que a divulgação não foi feita convenientemente e esta é uma solução que não é prática” sublinha, enquanto volta a perguntar se vai ter mesmo que voltar para trás. “Devia haver placas informativas para não andarmos feitas baratas tontas, que também deviam dizer quanto tempo estas ruas vão estar interrompidas ao trânsito”, sugere. E acrescenta que “numa cidade de montanha, que tem ruas com estas características, quem não é da Covilhã e não conhecer vai andar muito tempo para sair daqui”.
Por parte da autarquia, Alçada Rosa lamenta que isso aconteça, mas diz que embora as obras dêem sempre incómodo, sobretudo em sítios urbanos antigos, elas têm de ser feitas. A data até quando se vai manter a situação, não diz qual é. No entanto garante que se estão a tentar acelerar os prazos. Relativamente às queixas de falta de informação o vereador acredita que a divulgação deve ter sido feita e prometeu ir de imediato averiguar se esse aspecto precisa ser melhorado.
Os residentes e comerciantes da zona, que todos os dias são espectadores do desnorte dos automobilistas, dizem que a situação prejudica o sossego das pessoas e quem tem uma porta aberta nota que o negócio sai prejudicado. E entendem que pelo menos devia ser possível sair pela Rua dos Bombeiros ou pela de Olivença e ter-se fechado uma de cada vez. “Ou então, provisoriamente, podiam tirar o estacionamento da Rua dos Bombeiros para se circular nos dois sentidos ou pôr lá um vermelho para se passar para lá e para cá”, aponta como possível solução para minorar o problema um dos comerciantes, depois de ser chamado por mais alguém que não sabe para onde ir.
E apesar de a toda a hora se verificarem ali dificuldades e de não haver placas informativas apenas ali esteve um agente da PSP no primeiro dia.
As últimas alterações, verificadas no dia 23 de Setembro, estendem-se também à Rua da Ramalha, que inverteu o sentido e passou a ascendente, e à Rua Senhor da Paciência, onde se situa a sede da Associação Académica, que passa a descendente. A intervenção decorre no âmbito da requalificação urbana de arruamentos intra-muralhas e consiste na abertura de valas para implantação das redes de distribuição de águas, drenagem de águas residuais, distribuição de baixa tensão, iluminação pública e o levantamento e reposição do pavimento.