Por Nuno Fernandes


Um espectáculo teatral onde foi retratada a classe média portuguesa

Integrado no Festival de Teatro 2004, o espectáculo “Olá classe média” da autoria de Pompeu José, e levado a palco durante uma hora pelo grupo de teatro “Trigo Limpo, Teatro ACERT”, encheu o Teatro das Beiras, na última sexta-feira dia 12.
A crítica, aquilo que hoje é a classe média, ao estilo de vida das pessoas, e ao estilo de televisão que actualmente se faz, com uma enorme dose de humor, por vezes “non sense”, em que o jogo de luz e som são fundamentais e transportam o espectador para uma outra dimensão. O espectáculo cativou os espectadores desde o primeiro momento de uma forma única. Para Olga Fonseca foi um “espectáculo diferente”, para Eduardo Esteves a “ideia foi original” e proporcionou “uma hora de boa disposição”.
Durante sessenta minutos, num palco especialmente construído para a peça, com uma pequena tela de cinema, na qual passavam inúmeras imagens muitas delas em 3D, uma cadeira gigante e uma câmara de filmar, o actor Miguel Torres, nasceu, atingiu a maturidade e acaba por morrer, simbolizando uma vida, sempre acompanhado por Pompeu José, que ora era anjo, ora era diabo, sendo a consciência de um ser humano ingénuo, que pertence a uma classe média.
A peça baseada em inúmeros textos, foi “um processo de criação muito gratificante” e que “resultaram num processo de mistura” como referiu ao Urbi et Orbi Pompeu José, tendo também dado um grande destaque ao “trabalho feito” com os jovens de Tondela ao nível do 3D e a durabilidade da peça, que já tem dois anos.
Os imprevistos nesta peça são uma constante, apesar do trabalho de ensaio que se faz para se ter um grande “rigor técnico”.
Pompeu José, destaca ainda a “relação muito gira com a Covilhã de 23 anos” e com o Teatro das Beiras, tendo acabado os agradecimentos em palco com palavras de “força” para com o Teatro das Beiras, para que este continue a apostar no teatro, já que o “teatro é desenvolvimento cultural”.

Salamander

Depois da peça “Olá classe média”, a programação cultural de comemoração do Teatro das Beiras continuou com a actuação da Banda Salamander, formada em 1999. Os temas interpretados por esta banda tem origem tradicional, com sons pouco usuais em que os instrumentos musicais como a flauta irlandesa, o violino, o bouzouky e a guitarra, e uileann pipes, e o bater de pés no chão, ajudaram a transformar ainda mais o ambiente, cativando o público desde o inicio.




30 Anos do Teatro das Beiras

O Teatro das Beiras comemora os seus trinta anos entre 7 a 20 de Novembro, para tal apresentou a cidade um programa diversificado que abrange público de todas as faixas etárias, e no qual se continua a fazer a descentralização cultural. Fernando Sena referiu ao Urbi et Orbi que vê estes trinta anos com a “satisfação de quem resistiu ao tempo” e “de quem venceu dificuldades”. Este festival para Fernando Sena é o “reflexo do orçamento” mas em que se procura dar “espectáculos de outras companhias” e que “possam ser organizados na sala” do Teatro das Beiras.