A religião está presente em todo o fundamento político, defende alguns investigadores
Jornadas Teologia e Política
As crenças dos políticos

Desta vez, o Instituto de Filosofia Prática (IFP) juntou na Sala dos Conselhos da UBI um vasto leque de investigadores para debaterem a relação entre a política e a religião. Um encontro com diferentes abordagens onde estiveram em discussão várias perspectivas sobre estas duas matérias. O relacionamento entre estes dois sistemas sociais foi uma nota dominante em todas as intervenções.


Por Eduardo Alves


A crença religiosa sempre esteve de mão dada com a política. Nem seria possível, segundo os participantes nas Jornadas de Teologia e Política, conceber a sociedade actual sem estudar a relação entre este dois campos. Medidas políticas que foram e são tomadas de forma a mudar o rumo do social, têm a intervenção da crença religiosa de quem as produz.
Em dois dias de encontro, a religião foi o mote para “se compreender a questão de Estado e as fundamentações teológicas que dão concepção a muitas abordagens políticas”, refere António Bento, docente da UBI e um dos organizadores deste encontro. Numa teologia aberta, com várias religiões a terem “tempo de antena”, os investigadores vindos de Portugal, Espanha e França, discursaram sobre as diferentes crenças nas diversas sociedades. Os exemplos das sociedades ocidentais, em contraposição ao mundo oriental e às crenças mais fundamentalistas deram origem a diversas discussões.



Arqueologia Política

Um dos objectivos foi o de dar a conhecer as difrentes abordagens sobre a mesma temática

Nas raízes da árvore genealógica da política encontramos a religião. As crenças dos homens sempre falaram mais alto que outros factores nas decisões sociais que estes tomaram. O conceito de “religião política” surge associado às grandes utopias que povoam a existência do homem enquanto ser integrado em grupos. Para os investigadores que deram forma às Jornadas de Teologia e Política, “não pode haver uma separação entre histórico e o actual”, no que diz respeito à política. Os grandes modelos estadistas que foram sendo experimentados em diversas sociedades contêm sempre fundamentos religiosos. Um dos autores mais abordados pelos participantes foi Carl Schmitt. Um pensador que defendia a “impossibilidade de separar a religião da política”, sublinha Monserrat López, docente de Teologia Política na Universidade de Pamplona. António Bento acrescenta também que “a relação entre a religião e a política é a relação entre Deus e o homem”. Daí que todos estes assuntos ganhassem uma dimensão mais abrangente. Para os organizadores, falar sobre estas temáticas “é falar sobre um vasto leque de investigações e campo teóricos”. Continuam a ser em grande número, “as investigações e os estudos centrados nestes assuntos”, mas “ainda existem muito caminho a percorrer até à compreensão de algumas concepções teóricas”, refere António Bento. Estas jornadas, para além de “darem a conhecer os trabalhos que têm vindo a ser desenvolvidos, um pouco por toda a Europa”, tiveram como objectivo, “desvendar possíveis caminhos de estudo”, adianta ainda o docente da UBI.