A edilidade chefiada por Amândio Melo está no centro da discussão
Belmonte
Vereadores do PSD põem em causa contabilidade da autarquia

Segundo os vereadores "laranjas", as facturas emitidas pela Águas do Zêzere e Côa não entraram nas contas da autarquia. Amândio Melo nega e promete apresentar queixa judicial.


NC / Urbi et Orbi


Os vereadores do PSD na Câmara Municipal de Belmonte vão enviar ao Ministério Público, Inspecção Geral da Administração do Território(IGAT) e Tribunal de Contas todo o processo relativo ao contrato assinado entre a autarquia e a empresa Águas do Zêzere e Côa para abastecimento de água em alta aquele concelho. Em causa estarão as facturas emitidas por aquela empresa e que, segundo o vereador social-democrata, Jorge Amaro, em declarações à RCB, não deram entrada na contabilidade da Câmara. Para Jorge Amaro, vereador da bancada do PSD, "existem ilegalidades nesta prática que se reflectem nas contas de gerência do município".
Já o presidente da autarquia, Amândio Melo, em declarações à mesma rádio, diz que a posição assumida pelos vereadores sociais-democratas " é uma estratégia maquiavélica para denegrir a sua imagem e a do executivo". O presidente da Câmara de Belmonte anuncia que irá apresentar queixa judicial contra os vereadores da oposição.
Na reunião do executivo, na passada semana, foi aprovado por maioria o Orçamento e as grandes opções do plano para 2005 no valor global de 11 milhões de euros. O PSD votou contra por considerar que o Orçamento está inflaccionado nas receitas. Para o chefe do executivo belmontense "a oposição está muita céptica em relação à retoma" e o plano vem na continuidade dos anteriores.
Concelhia "laranja" retira confiança política ao presidente da Junta
Entretanto, também na passada semana, a concelhia do Partido Social Democrata de Belmonte decidiu retirar a confiança política a António Rodrigues, presidente da Junta da vila, eleito para o cargo como independente, mas com o apoio dos sociais-democratas. O motivo, segundo o presidente da concelhia, António D`Elvas, prender-se-à com “a degradação do ambiente político entre o partido e o autarca”. Este responsável explica que a decisão teve como base “as atitudes que António Rodrigues tem tomado ultimamente”. “Não temos dúvidas que essas opções não beneficiam a população, pois é desse lado que estamos”, refere , acrescentando que “não se podem confundir interesses pessoais com os interesses de todos”.
A situação acaba por ser o culminar de uma série de atritos que António Rodrigues admite terem existido. O autarca sublinha que teve sempre como principal objectivo “defender os interesses das populações”, lembrando que manteve esta promessa, mesmo quando foi pressionado para assumir posições de acordo com a disciplina política do PSD, como aconteceu “na votação do Orçamento da Câmara”.
“Eu fui eleito por voto popular para a presidência da Junta e por inerência para a Assembleia Municipal. Sempre deixei claro que os interesses da Junta estariam sempre em primeiro lugar”, sublinha António Rodrigues, que dá o exemplo de uma das divergências que manteve com o Partido: “Na última Assembleia Municipal, realizada em Setembro, apresentei um moção que contestava a introdução de portagens na A23. Peguei apenas nas palavras de Miguel Bernardo, vice-presidente da Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor, para lembrar que a auto-estrada não era uma despesa, mas sim um investimento”.
António Rodrigues recorda que “a moção só foi aprovada graças aos votos do PS e do PCP. Eu até entendo que alguns autarcas do PSD da região sejam a favor das portagens para conseguir outras coisas. Mas o que é que o PSD de Belmonte conseguiu até agora do Poder Central?”.