Por Eduardo Alves


Durante dois dias, o futuro da engenharia esteve em discussão, na UBI

A maior associação profissional do País reuniu na Covilhã. Durante dois dias, a Ordem dos Engenheiros (OE) juntou largas dezenas dos seus associados . A UBI foi o local, por excelência, escolhido para a realização de várias actividades.
Sem que existisse um projecto delineado, sobre a importância de cada evento, este encontro fica marcado pela abertura do primeiro pólo da Ordem dos Engenheiros numa Universidade portuguesa. A inauguração desta extensão foi feita por uma equipa representativa nesta área científica. Uma comitiva constituída por Fernando Ferreira Santo, bastonário da Ordem, Manuel Santos Silva, reitor da UBI e também engenheiro, Francisco Lucas, engenheiro que preside à delegação da Ordem em Castelo Branco e um número vasto de membros.
Esta extensão da delegação de Castelo Branco “é a primeira, com estas características, a funcionar em Portugal”, explica Ferreira Santo, bastonário da Ordem. A ideia surgiu assim que a nova equipa que está na condução dos destinos da OE tomou posse. Francisco Lucas, responsável máximo pela delegação de Castelo Branco explica que este pólo “representa um importante passo para a descentralização da Ordem”. Segundo este engenheiro, “o projecto é inovador e Ordem pretende implementar esta abertura de pólos em outras Universidades”. Uma equipa de três profissionais vai ficar responsável pela manutenção deste espaço onde os alunos “podem tomar contacto com a OE, podem fazer-se mesmo membros-estudantes e tratar de vários documentos que no passado só se conseguiam em Coimbra ou Castelo Branco”. Estas vantagens resultaram das parcerias mantidas entre a Ordem dos Engenheiros e a UBI.




Processo de Bolonha é de grande utilidade

Feyo de Azevedo, presidente da Comissão de Avaliação e Qualificação (CAQ) para cursos e membros que se submetem à ordem foi o orador de uma conferência sobre “A Declaração de Bolonha e a Reforma do Ensino Superior”. Em traços gerais, e de forma esquemática, o engenheiro responsável pela parte académica da Ordem, traçou projecto da obra que sustenta actualmente o Ensino em Portugal.
Um dos pontos iniciais da sua tese mostra como “se tem dado mais atenção à matéria-prima, que ao produto final”. Também no Ensino se tem falado muito do tipo de formação, do número de cursos, mas “não se presta a devida atenção à qualidade dos engenheiros recém-formados”. A solução para esta obra “que apresenta erros de estrutura” passa por “reavaliar os critérios para a apreciação dos cursos, olhar para as referência europeias e implementar novas formas de ensino”, remata. O responsável pelo CAQ da Ordem dos Engenheiros garantiu na UBI que “dos 310 cursos de engenharia existentes em Portugal, 190 estão agora avaliados”. Segundo este responsável, neste mês de Dezembro, “os restantes cursos vão ficar também com a comissão de avaliação nomeada”.
As atenções prestadas à qualificação “prendem-se com o Processo de Bolonha”. Depois de uma análise “demorada e detalhada” sobre o novo projecto de Ensino, os responsáveis da Ordem “reconheceram o valor desta reestruturação”. Contudo, Feyo de Azevedo, que deu voz à OE, mostrou-se intransigente na forma do ensino das engenharias. Para este responsável “Bolonha deve optar, para as engenharias, um sistema de ensino binário”. Um sistema que funcione de forma a que “nos primeiros três anos os alunos tenham uma base teórica mais profunda”, adianta o responsável. Na fase seguinte, de dois anos, estes tenham “uma vertente mais aplicada e uma prática pensada mais para o nível de preparação dos futuros engenheiros”.

Formação do secundário deve ser revista

Apostar na formação dos alunos é "qualificar o futuro dos engenheiros"

Já Fernando Ferreira Santo, bastonário da Ordem dos Engenheiros sublinha a necessidade da reforma escolar ser alargada também ao Ensino Secundário. Para Ferreira Santo “muitas das dificuldades sentidas pelos alunos no Superior, relativamente às matemáticas e às físicas devem-se à fraca qualidade de ensino no Secundário”. Confrontado com o facto dos alunos do campo das engenharias ingressarem nas Universidades com notas próximas dos dez valores, o bastonário da Ordem dos Engenheiros refere que “a situação é grave, mas tem de ser passageira”. Ferreira santo defende uma maior filtragem dos estudantes, até porque “mal está o país que não consegue ter alunos nas áreas científicas com notas acima do mínimo pedido”. Para o responsável máximo pelos engenheiros, “melhores sistemas de ensino, maior aposta na profissionalização e uma reforma eficaz no Superior”, são as medidas a implementar com Bolonha.