Por Eduardo Alves


As engenharias clássicas, de banda larga, devem conhecer maior apoio e divulgação

A crescente “dificuldade de captação de novos alunos” serve de base à construção deste estudo sobre os cursos de engenharia leccionados na UBI. Da autoria de Tessaleno Devezas e João Matias, ambos docentes do Departamento de Engenharia Electromecânica da UBI, o documento faz a síntese de vários inquéritos propostos a 102 professores. Das várias questões colocadas, todas elas relacionadas com o ensino da engenharia, com a qualidade dos cursos e instalações e com a forma de divulgação destas mesmas condições, procurou-se saber qual a opinião dos docentes relativamente ao futuro dos cursos. Este “Estudo sobre o futuro das licenciaturas em engenharia da UBI” começa por sublinhar que se “enfrentam alguns problemas, nomeadamente no que concerne à dificuldade de captação de novos alunos”. Tessaleno Devesas e João Matias assinam o estudo do Grupo de Estudos e Previsões Tecnológicas e Teoria da Inovação da UBI (GEPTI), onde foi utilizada uma técnica “qualitativa” de previsão. As preocupações com o futuro das engenharias na UBI e na região são uma constante. Ao longo de duas sessões, os responsáveis por este projecto fizeram chegar aos docentes um questionário onde são abordados vários temas que se prendem com a captação de alunos, com a forma como esta deve ser feita ou até com a problemática das licenciaturas que se vêem a braços com a falta de alunos. Os questionários e a análise dos dados recolhidos demorou “cerca de seis meses, entre Dezembro de 2003 e Maio de 2004”, adiantam os autores do estudo.




Futuro passa pela divulgação

Por entre as questões colocadas, que tinham como objectivo apreciar a falta de alunos a ingressarem nestas áreas, ganha maior importância a que faz referência ao futuro das “engenharias com muita saída profissional mas com procura reduzida”. Segundo os inquiridos, a solução nestes casos, passa por “manter os cursos abertos independentemente do financiamento estatal”. São apontados mesmo alguns exemplos como Engenharia da Produção e Gestão Industrial (EPGI) ou Engenharia Têxtil, onde é cada vez menor o número de alunos a ingressarem nesses cursos, mas que têm de continuar em funcionamento. Isto porque, segundo os docentes da UBI que responderam aos questionários, “as engenharias são fundamentais para a Universidade e para a própria região”. Daí que este fenómeno de “falta de alunos” tenha características nacionais, “não é sentido apenas ao nível da UBI”, sublinham ainda os autores do documento. Os mesmos que defendem uma política concertada de divulgação da própria Universidade e das potencialidades desta.
“Os Dias da UBI” são apontados como exemplos de política de divulgação que passa também “por uma forte aposta nas novas tecnologias, como a Internet”. Contudo, segundo os dois docentes, a divulgação das licenciaturas em engenharia tem de compreender três entidades. Das conclusões retidas pelo estudo, nesta matéria, a divulgação passa por “uma estratégia concertada e eficiente, capaz de atrair, mais potenciais candidatos”. Este novo plano de “publicitação” passa pelo Gabinete de Relações Públicas (GRP), pela Unidade de Ciências Exactas e por cada um dos Departamentos responsáveis pelas várias engenharias leccionadas na UBI. Este novo tipo de publicitação deve, segundo os inquiridos, “por um intenso contacto directo com as escolas e com todos os potenciais candidatos”. Este ponto foi um dos mais abordados ao longo de todo o estudo. Isto porque, grande parte dos inquiridos apontou a falta de alunos como causa de “uma ausência de estratégia concertada de divulgação dos cursos”.
No entender dos participantes, continuam a existir nas escolas da região e do País, alunos suficientes para preencherem todas as vagas “quer da UBI quer dos politécnicos da região”. Daí que a crescente falta de alunos “não se deva apenas ao facto destes fugirem às físicas e às matemáticas”. Com uma maior divulgação, “com a deslocação de alunos e professores do secundário às instalações laboratoriais e auxiliares da UBI”, poderiam ser conquistados mais alunos, defendem os docentes. Uma das sugestões deste estudo passa mesmo pelo convite da UBI às escolas da região no sentido dos alunos do secundário virem à Universidade “fazer as experiências laboratoriais que não podem realizar nas suas escolas, mas que estão nos programas curriculares”. Medidas “intensivas” de familiarização destes alunos mais novos com a UBI.


Alcançar nível de excelência

Partilhar as instalações e dar a conhecer o que se faz na UBI é uma das medidas apontadas pelo estudo

Tessaleno Devesas e João Matias salientam que “estas licenciaturas devem ser orientadas para um processo de melhoria contínua, com vista a alcançar o nível de excelência”. Algo que se consegue através do e “um planeamento, execução, verificação e correcção dos aspectos menos positivos”. Com a falta de alunos a aposta vai pois “para as engenharias clássicas”. Segundo os autores do estudo, os esforços devem ser concentrados em cursos de banda larga, aqueles que cobrem a maior parte das necessidades do mercado. Outra das medidas passa por um maior incentivo à pós-graduação. Actualmente, existem algumas licenciaturas que podem ser substituídas por pós-graduações de quem já tem formação base em engenharias clássicas. Segundo os dois docentes, “ainda não é tarde para se resolverem alguns dos problemas levantados com a falta de alunos”. Contudo, deixam, em nota de conclusão um ponto fundamental, “se não forem tomadas medidas no sentido de mudar a situação actual”, as consequências, a longo prazo, podem ser bem piores.