Manuel Freches refere que as passagens de nível vão ser "apagadas"
Câmara do Fundão promete
Passagens de nível na zona urbana vão ser suprimidas

São oito as linhas do comboio a suprimir dentro dos limites urbanos da cidade. Desta forma, os automobilistas e peões já não terão de correr perigo para as ultrapassar. As obras começam em Janeiro de 2006 e terminam no final de 2007.


Liliana Machadinha
NC / Urbi et Orbi


"Um plano ambicioso, mas realista", é como Manuel Frexes, presidente da Câmara Municipal do Fundão, descreve o projecto de supressão das passagens de nível da zona urbana da cidade. São cerca de oito as linhas férreas a eliminar, estando já outras quatro suprimidas com a inauguração da passagem desnivelada da Arieira, na passada sexta-feira, 21. O projecto pretende diminuir os acidentes e perigo causados pelo atravessamento das passagens, entre os quilómetros 146 e 149 da Linha da Beira Baixa, e reduzir o tráfego no centro da cidade.
"Uma revolução que irá mudar a cidade", é como o edil fundanense descreve o projecto, assinado com a Rede Ferroviária Nacional (Refer), também na passada sexta-feira, 21. Segundo aponta o projecto da primeira fase das obras, são seis passagens desniveladas no total, três superiores e inferiores, com um investimento que ronda os 15 milhões de euros. As infra-estruturas aéreas são destinadas a peões, estando uma delas apenas direccionada para o trânsito de pesados. Nas subterrâneas ou inferiores a situação inverte-se, pois apenas uma é para uso pedestre. As construções vão abranger as zonas desde a Arieira até à freguesia das Donas, pertencente ao concelho do Fundão.
Já inaugurada foi a passagem da Arieira que permite suprimir mais quatro linhas de caminho de ferro, nomeadamente, a do hipermercado Monteverde. Infra-estrutura rodoviária e pedestre que, segundo Frexes, era um "perigo e grande causadora de constrangimento ao tráfego", e representa um investimento de dois milhões de euros. Já na zona dos hipermercados Intermarché e Lidl ficam situadas duas passagem desniveladas aéreas, sendo a última só para peões. Na rua Eugénio de Andrade (no Fundão) a obra é subterrânea e destinada ao trânsito de pesados, mas também com travessia pedestre. Por sua vez, a zona da estação de comboios vai ser modernizada e requalificada urbanisticamente, garante o edil, com o intuito de a transformar mais "atractiva aos visitantes e residentes". Mas a inovação projectada é transformação da estação em terminal para tráfego tanto ferroviário como rodoviário. Para esta zona, está ainda previsto a recuperação de imóveis degradados, com o objectivo de resolver problemas de habitabilidade.
Mas as alternativas para tirar o tráfego do "coração da cidade", como classifica Frexes, continuam, pois a linha férrea de Vale Verde vai ser eliminada e substituída por uma passagem aérea para peões. Também a zona da quinta das Sesmarias ganha uma travessia para pesados que desemboca junto ao castelo. Todas as estruturas ficarão ligadas entre si, estando já projectadas duas circulares, uma externa e outra interna, para o trânsito rodoviário da cidade. A primeira pretende captar o tráfego proveniente da zona do convento de Santo António (situado em Souto da Casa) e virá desembocar à rotunda da localidade de Donas, dando também acesso à A23.

Início das obras marcado para 2006

Esta "revolução urbanística" é um "sonho que em breve se tornará realidade", confessa o presidente da Câmara. O projecto vai proporcionar uma maior mobilidade, melhoria das acessibilidades e expansão da cidade. Para Frexes, o Fundão vai oferecer mais segurança e conforto aos fundanenses e aos utilizadores das vias tanto ferroviárias como rodovoárias. Segundo o edil, também as fututras gerações vão ganhar, pois a competitividade vai aumentar, o que permite criar mais empregos, ajudando a fixar os jovens na região.
Câmara Municipal do Fundão fica responsável pela aquisição e expropriação dos terrenos necessários para a construção das infra-estruturas. O prazo para a conclusão desta operação está previsto terminar em Dezembro deste ano, apontando-se o lançamento do concurso público para as obras no próximo mês de Julho. Segundo o protocolo, a execução das construções da primeira fase vai começar em Janeiro de 2006 para terminar em Dezembro de 2007.
O investimento total ronda os 15 milhões de euros, tendo a Refer contribuído com um valor superior a 10 milhões. Um esforço que o presidente do Conselho Administrativo da Rede Ferroviária Nacional, José Braamcamp Sobral, classifica de "muitro grande, mas necessário", uma vez que é urgente resolver-se os problemas com os caminhos de ferro. A modernização das linhas ferroviárias é uma aposta para os próximos 15 anos, acrescenta Sobral, para cativar a população a procurar mais este meio de transporte.
Para a execução das obras previstas, a Refer fica responsável por assegurar cerca de 80 por cento do dinheiro, enquanto que a autarquia apenas vai ceder cerca de 20 por cento. Já no que toca à aquisição dos terrenos, a situação e valores percentuais invertem-se, dando a Câmara 80 e a Refer 20.
A Refer fica ainda responsável por ceder à Câmara do Fundão o património edificado da estação de Alcaria, para futura recuperação. O intuito da autarquia passa por entregar o espaço a uma associação que trabalhe para a comunidade, segundo adiantou Frexes, sem querer lançar nomes. Também para a segunda fase deste projecto fica a eliminação das três passagens de nível em Donas, Alpedrinha e Vales Prazeres. No que respeita às obras da passagem inferior em Alcaide, que por erros técnicos estão paradas, o presidente da Refer apenas garantiu que a situação vai ser desbloqueada em breve.