Por Fábio Moreira


Um ciclo que foi composto por várias palestras sobre diferentes áreas

“Reparar, substituir, regenerar e algumas gotas do elixir da juventude” foi a conferência que, no passado dia 6 de Abril no, anfiteatro 6.1, encerrou esta iniciativa.
Organizado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e pela Fundação Calouste Gulbenkian, a que a UBI se associou, tinha como objectivo principal despertar o gosto pela ciência junto dos jovens.
Mário Barbosa, do Instituto de Engenharia Biomédica da Universidade do Porto foi o orador de serviço para este colóquio, que não teve no anfiteatro a presença de muito público, mas a audiência desta iniciativa é difícil de medir, já que foi transmitida para todo o mundo através de Internet.
Rita Salvado, do Departamento de Engenharia Têxtil e ligada à organização do «Desperta Para a Ciência» na UBI, salienta que «o grande objectivo era promover a cultura científica e foi muito interessante trazer os conferencistas e o seu trabalho». Rita Salvado refere ainda que «a audiência variou, mas veio muita gente e conseguiu-se despertar o interesse pela ciência».

Regeneração de tecidos

A exposição de Mário Barbosa centrou-se sobretudo na regeneração de tecidos humanos danificados, como por exemplo, a reconstrução de um osso partido. O professor do Porto começou por falar dos métodos utilizados actualmente nesta área, que são a reparação e a substituição.
“A reparação de um osso pode ser feita com uma placa de aço inoxidável colocada até o osso ser reparado. Caso não haja possibilidades de reparação passa-se para a substituição por uma prótese” – explicou o orador. Os estudos que o grupo de trabalho de Mário Barbosa está a desenvolver questionam, segundo o próprio, “a possibilidade de usar outros materiais, que não obriguem à revisão da prótese”. Aqui entra-se na área da regeneração.
Esta é uma área ainda não desenvolvida em que “as únicas coisas que não são ficção são a regeneração de pele e cartilagens, tudo o mais são apenas conjecturas”, diz Mário Barbosa. Um caminho de investigação apontado é preencher o espaço de uma falha óssea, por exemplo, com células que captem as substâncias certas para a regeneração, utilizando uma estrutura biodegradável que desapareça depois de reconstruído o tecido.
O grande problema que se levanta aqui é a utilização de células adequadas para reconstruir o tecido certo, porque existem diferentes tecidos, como o de osso ou o de músculo.




Animais regeneradores

Outro caminho de investigação apontado pelo orador foi a aprendizagem com alguns animais que fazem regeneração dos seus próprios tecidos, e dos quais foram dados alguns exemplos nesta conferência.
O primeiro caso apresentado foi o dos répteis, como os lagartos. Alguns destes, se lhes for cortada a cauda, esta voltará a crescer. Outro exemplo foi o também conhecido processo de regeneração das estrelas-do-mar, que facilmente fazem crescer novos braços. O professor deu ainda mais o exemplo, caso dos ouriços-do-mar, que cavam rocha com os seus dentes, apenas os desgastando, sendo que o dente cresce de novo. Para Mário Barbosa “se soubéssemos melhor como estas criaturas regeneram os seus tecidos podíamos estar mais avançados”.
No final, o conferencista alertou para a importância da relação entre diferentes conhecimentos. «Tudo o que se hoje em dia se faz em qualquer área, mas particularmente nesta, da engenharia biomédica, resulta de vários saberes e de uma interdisciplinaridade, pois para avançar temos que tentar aprender uns com os outros», reiterou Mário Barbosa.