São profissionais
cuja actividade dispensa a presença na empresa,
trabalham em parte ou totalmente em casa, usando as novas
tecnologias, a sua condição primeira já
não é o dinheiro mas sim a qualidade de
vida, o bem-estar e a segurança. Por isso mudam-se
dos grandes centros urbanos para meios rurais e países
onde procuram esses requisitos. São os chamados
Soho ou Solo do inglês small office / home office,
que se refere ao trabalho no domicílio. Este é
também o nome de um projecto do Centro de Inovação
Empresarial da Beira Interior (CIEBI) que pretende identificar
as pessoas que há na região nesta condições,
facilitar a sua integração e atrair este
indivíduos para cá.
Segundo João Carvalho, director do CIEBI, a ideia
é “procurar potenciar novos negócios
e novos postos de trabalho na Beira Interior pela via
de atracão destes eventuais empreendedores”.
”Eles trazem know-how, outras competências,
permitem dinamizar outras iniciativas empresariais, outros
serviços e dão a conhecer a região
ao mundo”, sublinha este responsável, que
diz que estes profissionais têm a sua ocupação
e costumam depois dedicar-se a outra, como a agricultura
ou outra actividade que lhe suscite interesse.
Até agora o CIEBI detectou 42 “solos”
nos distritos da Guarda e Castelo Branco, sendo que 32
estão fixados no Fundão e Covilhã.
Trabalham em áreas como as telecomunicações,
o design, o cinema, a consultadoria especializada e vêm
sobretudo de Inglaterra, Holanda, França, Alemanha
e Bélgica. “Constatámos que a Beira
Interior é atractiva para estas pessoas”,
frisa João Carvalho, que acredita haver na região
mais solos, mas de que ainda não têm conhecimento.
Aqueles com quem entraram em contacto foi através
da plataforma (www.soho-solo.com). São pessoas
geralmente entre os 40 e os 50 anos que trazem a família
consigo.
O projecto teve início em Junho de 2003 e o prazo
de conclusão está agendado para Dezembro
deste ano, embora se esteja a tentar o seu prolongamento
até Março de 2006. Com um financiamento
global de dois milhões e 200 mil euros 62 por cento
é assegurado pelo programa comunitário INTERREG.
Os restantes 38 por cento são da responsabilidade
dos parceiros envolvidos, de França, Espanha e
Irlanda, para além do CIEBI.
Base de dados para identificar mais “solos”
e apresentar radiografia da região
Dentro de um mês estará disponível
uma Base de Dados Geo-Referenciada que foi sendo desenvolvida
pelo Departamento de Engenharia Civil da Universidade
da Beira Interior ao longo do último ano. Mais
uma ferramenta de apoio. João Carvalho explica
que esta tecnologia permite dar aos interessados uma imagem
via satélite da região com a localização
exacta de vários serviços, como os estabelecimentos
de ensino, repartições públicas e
com as características da região, tanto
económicas como sociais ou culturais. Para os solos
que estejam a ponderar vir para a região ficarem
com uma radiografia da região, desde o clima às
estruturas de acolhimento. “Para saber o que podem
encontrar na região para se instalarem com a família
e para saber que tipo de apoio é que a região
lhes pode dar”, frisa.
Mas a base de dados, a que se poderá aceder em
www.ciebi.com, visa também “identificar onde
os solos estão instalados, as razões que
os levaram a escolher a região, o tipo de negócio
que desenvolvem e os tipos de parcerias que estão
interessados em estabelecer.
O projecto tem já a funcionar também três
centros de acolhimento e apoio aos “solos”,
um no Cybercentro, na Covilhã, outro na Associação
Comercial do Fundão e o terceiro na Associação
Empresarial da Guarda. Locais equipados com equipamento
informático, de banda larga, sala de reuniões
e um conjunto de informações úteis
básicas de integração, para além
de um gabinete de encaminhamento para vários serviços
de consultadoria, embora o principal objectivo seja fazer
dos centros um ponto de encontro para os “solos”.
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