Uma formação que contou com a participação de muitos interessados
Entregues pela primeira vez
Certificados de validação de competências

Os três primeiros formandos do Cilan, a terminarem o processo, receberam os seus certificados, equivalentes ao antigo nono ano, depois de fazerem uma apresentação oral do último trabalho.

Liliana Machadinha
NC / Urbi et Orbi


Os primeiros certificados de validação de competências adquiridas ao longo da vida foram entregues, pela primeira vez, a três “alunos” pelo Centro de Formação Profissional para a Indústria de Lanifícios (CILAN). Antes de receberem o documento ainda tiveram de prestar uma última prova, a apresentação oral de um trabalho, que atestou o reconhecimento de competências. Os certificados são equivalentes ao terceiro ciclo do ensino básico. A cerimónia decorreu na passada semana, na sede do CILAN.
Apesar de ainda não existir um Centro de Reconhecimento e Validação e Certificação de Competências (CRVCC) na Covilhã, o projecto é uma itinerância da sede de Coimbra, que trabalha em colaboração com o CILAN. Os CRVCC utilizam uma metodologia pedagógica diferente da institucionalizada. Através do balanço das diversas actividades que os utentes já exerceram e elabora-se um arquivo com as informações e trabalhos específicos para cada “aluno”. A maioria dos formandos desempenha funções profissionais e sociais que exigem habilitações literárias superiores às que têm. Desta forma, o CRVCC pretende reconhecer, validar e certificar as competências destes utentes, com certificados legais equivalentes ao primeiro, segundo e terceiro ciclos do ensino básico. O “curso” demora aproximadamente quatro meses, dependendo de cada pessoa, e dá aos seus “alunos” a hipótese de fazerem os seus próprios horários. Esta é uma das vantagens que Eugénia Nogueira, formadora de Linguagem e Comunicação e Cidadania e Empregabilidade, salienta no regime do CRVCC. “Há muitos adultos activos que não têm a disponibilidade de frequentarem o ensino nocturno, e esta é a sua hipótese de prosseguir os estudos”, garante.
Todos os planos de actividades a desenvolver pelos formandos são planeados tendo em conta os diferentes trabalhos que já tiveram durante a vida activa e são diferentes para cada utente. O plano de trabalho é feito pelos dois formadores, que se encarregam de avaliar as competências dos formandos. Linguagem e Comunicação, Matemática para a Vida, Tecnologias de Informação e da Comunicação e Cidadania e Empregabilidade são as quatro áreas principais em que os utentes são avaliados. Se o utente necessitar, existe formação suplementar nestas áreas, que não excede as 25 horas.

Formandos aconselham RVCC

Nádia Almeida, José Manuel Fernandes, e André Gonçalves, de 20, 48 e 44 anos respectivamente, foram os primeiros utentes a receberem o certificado. Nádia foi caixa num hipermercado, em Lisboa, cidade onde vive, apesar das suas raízes serem da vila do Paul. Actualmente esta jovem está grávida de sete meses e meio e prepara o nascimento do seu “filhote”, salienta. José Manuel Fernandes é secretário na sede das juntas de freguesia da Covilhã. Já André Gonçalves é ourives. Aparentemente, nada têm em comum, mas todos abandonaram a escola antes de completarem o antigo 9º ano de escolaridade.
Para Nádia, este certificado tem um significado “muito especial”, pois deseja entrar para a Universidade de Coimbra e ser uma “advogada brilhante”. Mas, a curto prazo, a principal vantagem que destaca é a prossecução na carreira profissional. Para esta formanda, o motivo que a levou a escolher o CRVCC foi a “rapidez do processo, a atenção e ajuda” dos formadores. São estas razões que levam Nádia Almeida a aconselhar todas as pessoas interessadas em tirar o terceiro ciclo do ensino básico a recorrer ao CRVCC.
Também José Manuel Fernandes, 48 anos e secretário na sede das juntas de freguesia da Covilhã, deixa o mesmo conselho. Para este formando, o desejo de ter o terceiro ciclo do ensino básico, já “vinha de há muito tempo”, mas não tinha tempo para estudar à noite, frisa. “É uma satisfação pessoal, mas também ajuda a subir na carreira profissional”, assegura ao salientar que é uma boa maneira de valorizar o tempo que se tem de uma forma produtiva”.