Anabela Gradim

Avaliar e ser avaliado


Está a decorrer, e pela segunda vez, a avaliação dos Cursos de Ciências da Comunicação portugueses. Desta feita o ano-objecto é 2003-2004, e a Comissão de Avaliação deslocou-se à UBI, que visitou, durante os dias de ontem e de hoje. Os Professores Lopes da Silva, da Universidade Nova de Lisboa; Aníbal Alves, da Universidade do Minho; Costa Pereira, da Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa; Margarita Ledo Andión, da Universidade de Santiago de Compostela; e João Palmeiro, da AIND; reuniram com docentes, funcionários, alunos e ex-alunos durante esta visita.

O objectivo da avaliação, coordenada pelo CNAVES – Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior, é promover a melhoria da qualidade do ensino ministrado nas instituições, ao mesmo tempo que torna mais transparente a informação disponível à comunidade, e o potencial dos cursos existentes. Esta informação é vital para pais, educadores, estudantes, candidatos a universitários e empregadores, e não é pois de espantar que os momentos de avaliação sejam vividos como muito importantes por parte das entidades avaliadas.

Mas uma avaliação idónea e de qualidade não serve só para aferir as «existências» - o estado dos cursos num determinado momento – serve também para perspectivar «recomendações» ou vias de melhorar aquilo que já existe. E deverá haver poucas coisas que, por boas que sejam, não possam ainda ser melhoradas. A perfeição, e portanto a impossibilidade de ser perfectibilizado, é um atributo muito pouco humano.

Recordemos também que o momento de avaliação externa é precedido por uma auto-avaliação, a cargo dos avaliados, que se materializa num Relatório de Auto-Avaliação a ser submetido à Comissão de Avaliação Externa (CAE). E isto por si só é de molde a ter impacto positivo nas instituições, porque põe todos os que nela trabalham a pensar, a reflectir e a pesar as suas práticas quotidianas, além de abrir as portas à reflexão não só sobre a actividade que cada um exerce em particular, mas sobre a coerência e o sentido do todo de que são uma pequena parte.
Não é só nas escolas que a avaliação – por exemplo de alunos - constitui um aspecto fundamental da actividade aí desenvolvida. Mais auto-reflexão, mais planeamento, e melhoria das actividades empreendidas são benéficos em qualquer sector da sociedade. E aqui não importa tanto se o estímulo
é endógeno ou exógeno: o que sobretudo interessa é que seja feita.

Avaliar: «estabelecer a valia, o valor ou o preço de…», diz o dicionário. Conhecer o próprio valor é um bem inestimável. Partir dele para alcançar um valor mais alto será um imperativo e um dever.