António Fidalgo

Simplesmente desleixo


Já lá vão mais de dois anos que o primeiro-ministro da época, José Manuel Durão Barroso, inaugurou os últimos troços da A23 a ligar Vilar Formoso a Abrantes. Mas no dia 15 de Agosto de 2005 mantinham-se no IP5, e certamente ainda hoje lá se mantêm, as duas placas a indicarem Castelo Branco na saída para a Guarda, para quem vem de Viseu. Em dois anos quantos turistas, nacionais e estrangeiros, quantos condutores em geral, não entraram na Guarda para ir para a Covilhã ou Castelo Branco? Quanto tempo não se perdeu, quantos engarrafamentos na subida íngreme da Estação da Guarda para a cidade da Guarda não foram provocados e agravados, quantos nervos não ficaram em franja, quantos milhares e milhares de gasóleo e gasolina não foram gastos em vão, quanto dano não se fez ao meio ambiente com os carros a deitarem pelo tubo de escape monóxidos e dióxidos poluentes e altamente nocivos à saúde de quem vive na cidade? Quem poderá contabilizar o dinheiro, o desconforto, o perigo, os acidentes rodoviários, que poderiam ser evitados pela alteração das placas assinalando a saída para Castelo Branco? Há responsáveis por este estado de coisas? Certamente não há; a culpa morre solteira. As Estradas de Portugal dirão que ninguém alertou para tal facto, a Câmara Municipal da Guarda dirá que não é da sua competência, e quiçá até pensará que tal facto ajuda o comércio local empanturrando a cidade com mais carros de quem entrou ali enganado ou mail informado. Não há responsáveis, há indubitavelmente irresponsáveis.

Não digam que a culpa é do Governo. É demasiado fácil quanto inconsequente. Dizer que a culpa é do Governo é como dizer que a culpa dos incêndios é o facto de não chover todos os dias. Porque não se arranja uma explicação simples, ainda que vergonhosa: é o desleixo dos senhores engenheiros que mandam aqui nos meandros rodoviários. Desleixo, meus senhores, simplesmente desleixo.