A falta de água começa a ser bastante notória nas barragens e albufeiras da região serrana
Penhas Douradas
A mais grave seca dos últimos 100 anos

A precipitação acumulada nunca foi tão baixa nas Penhas nos últimos 100 anos. É isto que mostra o relatório da Comissão para a Seca, que lembra que o pior ano, até agora, tinha sido 1901. Na Beira Interior, há concelhos que abastecem populações com autotanques e uma agricultura cada vez mais “à rasca”.


João Alves
NC / Urbi et Orbi


A precipitação (chuva) acumulada nas Penhas Douradas nunca foi tão baixa, nos últimos 100 anos, como em 2005. É isto que mostra o relatório quinzenal da Comissão para a Seca em Portugal, relativo a 31 de Agosto. O documento sublinha que naquele local esta é a situação mais grave desde 1901.
Segundo os dados do relatório, todo o território português está em situação de seca, com 29 por cento em seca extrema e 71 em seca extrema, o que leva a que esta seja a seca mais graves dos últimos 60 anos no País.
Em termos nacionais, os municípios queixam-se do baixo nível de água no solo e nas albufeiras, com 56 municípios a recorrem nas suas localidades a transvazes a partir de autotanques para abastecer reservatórios de sistemas de abastecimento de água às populações. Encontram-se neste caso, na Beira Interior, os concelhos de Aguiar da Beira, Celorico, Gouveia, Guarda, Manteigas, Oleiros, Sabugal, Seia, Trancoso e Vila Velha de Ródão.
Optaram por reduzir os períodos de abastecimento os concelhos de Aguiar, Almeida, Celorico, Gouveia, Manteigas e Sabugal e alguns deste, a que se juntam Oleiros e Meda referem o esgotamento de furos, recorrendo a autotanques para abastecer reservatórios. Em Aguiar e Celorico as câmaras denunciam que a qualidade da água diminuiu. A maioria dos concelhos está já a adoptar, há algum tempo, medidas preventivas, de modo a que não falte a água às populações, como por exemplo na redução das regas de jardins públicos.
O relatório da Comissão refere ainda que comparativamente aos primeiros 15 dias de Agosto, mais 15 entidades gestoras de água tiveram que expandir recursos a medidas extraordinárias a mais localidades dos seus concelhos, estando citado o município da Covilhã.

Proibida a rega de lameiros

Na Beira Interior, em algumas barragens, foi proibida a rega de lameiros. Há restrições na rega de pomares de modo a que a água seja canalizada para abeberamento dos animais.
Na agricultura, o feijão e milho estão debilitados, os pêssegos são de calibre baixo, pois não se desenvolveram como deveria ser, e na azeitona já se nota “algum transtorno no desenvolvimento dos frutos” refere o relatório. Quanto aos stoks de feno, são cada vez mais reduzidos.