O workshop promovido pelo pólo de gastronomia tinha como objectivo revitalizar doces típicos
Sabores ancestrais
Raianos aprendem a confeccionar compotas

Conjugando tradição e inovação, e no sentido de valorizar os produtos locais, o Pólo Museológico da Gastronomia de Monsanto, Idanha-a-Nova, promoveu um workshop sobre compotas na passada semana.


NC / Urbi et Orbi


“Mais do que uma acção de formação esta foi uma acção de sensibilização” explica Maria Proença, responsável pela iniciativa, que diz ser esta uma maneira de as pessoas olharem à sua volta e descobrirem “novas potencialidades, aproveitando certos produtos locais de forma nova ou renovada”. A acção decorreu na Escola Profissional da Raia (EPRIN), sob orientação da presidente da Associação Idade dos Sabores, Maria Proença, que dá assessoria técnica no Pólo Museológico da Gastronomia.
Três frutos – melancia, figo da Índia e diospiro – abundantes no concelho de Idanha-a-Nova estiveram no centro das atenções. “Estamos sempre a desprezar os nossos produtos” alerta Maria Proença. “Já a Tunísia exporta toneladas de figos da Índia para a Europa”, garante.
Este fruto, que cresce em cactos e passa despercebido a muita gente, abunda em Idanha-a-Nova (graças ao clima raiano). Os seis participantes aprenderam a confeccionar compota de polpa de melancia, compota de cascas de melancia, compota de figos da Índia, marmelada de figos da Índia e compota de diospiros.
“Procurei e não encontrei estas compotas à venda” explica Maria Proença. “Nem mesmo nas lojas de gourmet mais requintadas”. Os idanhenses podem assim encontrar aqui uma nova actividade económica seja na área das compotas, dos licores ou qualquer outra que utilize produtos locais. A especialista questiona mesmo se não se deveria criar uma cozinha – organizada de forma comunitária segundo todas as regras legais e de higiene alimentar – onde os interessados pudessem fabricar este tipo de produtos.
Foi nesse sentido que os “alunos” aprenderam os princípios básicos de fabrico e conservação das compotas (segundo o grau de acidez e pectina dos frutos, bem como do teor de açúcar utilizado).
Aprenderam ainda a associar sabores. E por fim, pensaram onde e como servir uma compota.