Os cuidados de geriatria e a criação de uma especialidade nesta área foram alguns dos tópicos debatidos no encontro
III Encontro Ibérico de Enfermagem
Idosos devem ter tratamentos específicos

Durante dois dias, mais de 300 enfermeiros estiveram reunidos na UBI para debater a problemática da geriatria. Portugueses e espanhóis trocaram opiniões sobre os cuidados prestados aos idosos nos centros hospitalares e serviços de saúde.


Por Eduardo Alves


Pela terceira vez, profissionais de saúde portugueses e espanhóis sentaram-se à mesma mesa e discutiram assuntos relacionados com o seu trabalho. Este ano, o Encontro Ibérico de Enfermagem, o segundo a ter lugar em terras lusas, teve como tema principal a geriatria e os cuidados de saúde prestados aos idosos. Estes encontros partiram de uma parceria estabelecida entre a Ordem dos Enfermeiros, secção do Centro e o Colégio de Enfermeria de Cáceres. “O Envelhecimento Saudável, Contributo dos Enfermeiros” foi o mote para reunir na Covilhã mais de 300 profissionais vindos dos dois lados da fronteira.
Durante dois dias, o anfiteatro das Sessões Solenes foi palco de várias palestras e conferências abertas sobre os cuidados específicos que os enfermeiros prestam aos idosos, as necessárias mudanças nos actuais sistemas de saúde e todo um conjunto de parâmetros relacionados com a temática principal.
Amílcar de Carvalho, presidente regional da delegação do centro da Ordem dos Enfermeiros explica que a temática da geriatria “é hoje das mais importantes no domínio da saúde”. Importância que se torna mais crescida “quando analisamos o trabalho dos enfermeiros”. Segundo o responsável pela Ordem, “estes profissionais são hoje, os mais capacitados para darem o seu contributo na discussão deste tema”. Para Amílcar de Carvalho, “tem de surgir uma política de saúde, clara e específica, para os idosos”. Uma ideia que vem ao encontro da defendida por Don Isidro Nevado, presidente do Colégio Oficial de Enfermagem de Cáceres. Segundo este profissional de saúde “a sociedade está hoje a ser confrontada com um grave problema, o do envelhecimento da população”. Isidro Nevado explica que “por cada ano que passa, os idosos ganham três anos de esperança de vida”. O responsável pelo Colégio de Enfermagem de Cáceres refere que esta matemática resulta numa mera estatística, mas aquilo que os enfermeiros e “até o poder político” conseguem constatar “é o crescente número de idosos nos hospitais e nos centros de saúde”.
Esta ideia é também explicada aos participantes por Maria Augusta de Sousa, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros. Para a profissional, “não se trata de promover uma qualquer exclusão ou análise mais detalhada”, ao falar-se do grupo etário dos idosos. Antes pelo contrário, “o nosso objectivo passa por criar cuidados específicos e valências próprias para determinadas enfermidades que são próprias dos idosos”.
Uma das conclusões que foi retirada deste encontro vai no sentido de “criar recursos humanos e estruturas físicas próprias para os cuidados de saúde que os idosos mais requerem”.



O exemplo espanhol

Enfermeiros portugueses e espanhóis trocaram opiniões e experiências

Nesta iniciativa foi várias vezes apontado o caso espanhol e mais propriamente o de uma unidade hospitalar criada em Cáceres que serve de valência ao tratamento de idosos. Uma unidade de geriatria “que serve como hospital de retaguarda”, explica Don Isidro Nevado. Na maior parte dos casos, “os nossos idosos necessitam de cuidados de saúde simples, como a cura de uma gripe, ou a de uma ferida”. Cuidados esses que não são, por vezes, “prestados com a devida paciência e atenção nos hospitais gerais e centros de saúde”.
Amílcar de Carvalho refere que a Ordem dos Enfermeiros está já a propor ao ministério da tutela, “algumas alterações ao actual serviço de saúde” e que “as conclusões deste tipo de encontro servem também para melhorar essas propostas”.