Anabela Gradim

Do you blog?


O II Encontro de Weblogs portugueses que terminou este Sábado ficou marcado pela representatividade dos participantes, relativamente ao panorama da blogosfera nacional, pela variedade e diversidade das áreas temáticas abordadas, e pela extrema qualidade dos trabalhos apresentados.

Como não podia deixar de ser, as principais conclusões dos trabalhos e mesas temáticas também já fazem parte da blogosfera, e podem ser acompanhadas no blogue oficial do encontro.

Na UBI, nomes destacados da blogosfera ibérica falaram de Weblogs e Política, Cultura, Ensino, Jornalismo, Organizações e Imagem, debatendo as questões mais importantes que cruzam o novo espaço público.

Há dois anos, to blog podia não passar de mais uma moda, de relevância e perenidade inversamente proporcionais ao entusiasmo que estava a provocar, e como tantas outras, destinada ao esquecimento sem honra nem glória. Hoje, se ainda se desconhece para onde tudo isto caminha, é patente que veio para ficar.

Há muitos e bons aspectos positivos a destacar na blogosfera. Desde logo, a extrema variedade, do humor, aos blogues ditos femininos, passando por babyblogs (não exclusivamente femininos, note-se), políticos, intimistas, de literatura, educação, jornalismo, ensino superior, e muitos, muitos outros temas que desafiam a imaginação do leitor. Depois a liberdade: de criação e expressão, de todos para todos; de que é correlato a liberdade de acesso e leitura. E ainda: debate, aumento da massa de informação circulante, quebra do monopólio dos media tradicionais, e quebra concomitante do monolitismo e unidimensionalidade de certas visões do mundo e dos acontecimentos por eles apresentada. Ora estas coisas, nas democracias, e especialmente em Portugal, onde a sociedade civil costuma ser pouco interventiva, não têm preço.

Aspectos negativos, bem procuro, mas não vejo nenhum. Há sempre umas virgens muito púdicas a perorarem contra os anónimos, o boato e a inconfidência, e houve certamente experiências infelizes de blogues muito, muito estranhos, ligados por exemplo a processos judiciais em curso. Mas o saldo é, do meu ponto de vista, totalmente positivo. No século XIX, em Portugal, a imprensa viveu momentos delirantes, como tão bem retrata José Mattoso, na sua História de Portugal. Seria assim tão mau, se hoje também se pudesse dizer tudo? Porque isto é novo para mim, e me sinto muito ignorante, aguardo esclarecimentos e opiniões, dos neo-liberais adeptos da mão invisível do mercado, e não só, a este respeito. Obrigada.