Maria João Simões deu a conhecer as potencialidades das Tecnologias de Informação e Comunicação
Novo livro na UBI
O cibercidadão português

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são apresentadas actualmente, no seio da sociedade, como as ferramentas necessárias para que o cidadão se ligue ao mundo. O mais recente livro apresentado na UBI vem colocar algumas dúvidas.


Por Eduardo Alves


Maria João Simões, docente no Departamento de Sociologia da UBI e investigadora no Centro de Estudos Sociais (CES) é a autora do livro Política e Tecnologia. Uma obra que tem como principal objectivo dar resposta a uma questão central que se prende com o facto de saber se “as novas tecnologias de informação e comunicação estão ou não a transformar as práticas e as oportunidades de participação política dos cidadãos portugueses”, explica a autora.
A apresentação desta obra decorreu na passada quinta-feira, 27 no anfiteatro 7.21 e contou com a presença de vários docentes e investigadores da área da Sociologia. Durante vários meses, Maria João Simões começou por estudar a participação do cidadão anónimo nos novos “ciberespaços”. A análise pormenorizada de alguns casos, como a corrente de solidariedade por um “Timor Livre”, o projecto que ainda hoje se mantêm e é intitulado de “Lisboa Abandonada” e o fórum aberto da página on-line do jornal Público levaram a autora a conceber três tipos de participação possível.
Uma das principais teses do livro agora publicado pela docente da UBI vai no sentido da existência de três tipos diferentes de participações políticas dos cidadãos através das TIC. Maria João Simões fala em “participação política mitigada, participação política não filiada e participação política renovada”, no que diz respeito aos objectivos de utilização das novas tecnologias. Até porque, esta docente deixa bem claro com este estudo “que em Portugal “a participação activa dos cidadãos nos seus meios civil, cultural, político ainda é muito fraca”.
As novas tecnologias não devem ser encaradas como um fim em si, mas antes “um recurso para promover as nossas acções”. Para a investigadora do CES “a utilização das TIC não está desligada do contexto sócio-histórico em que os cidadãos estão inseridos, da cultura prevalecente e também das desigualdades sociais”. Factores que segundo a mesma devem ter “numa verdadeira educação cívica, desde tenra idade”, a alavanca propulsora de uma mudança individual.
Hoje as TIC “são de importância vital para qualquer cidadão, associação ou instituto”, remata ainda Maria João Simões. Uma vez que são ferramentas que conseguem levar a acção de cada ao conhecimento de um grande número de pessoas. “Ser cidadão é um estatuto que deve ser alcançado e depois não ser perdido”, revela a autora do livro que espera contribuir para um maior esclarecimento da importância da participação cívica individual e colectiva.