Encontro transfronteiriço
“Há falta de jovens no associativismo”

Os representantes do IPJ da Guarda e Castelo Branco marcaram presença no I Encontro Transfronteiriço de dirigentes de associações juvenis realizado em Salamanca. Os portugueses queixam-se da falta de jovens nas associações, mas acreditam que o panorama se vai inverter.

NC / Urbi et Orbi

Miguel Nascimento acredita que no futuro o associativismo português poderá evoluir para o patamar espanhol

O Palácio de Congressos de Salamanca acolheu, entre os dias 15 e 17 de Novembro, o Primeiro Encontro Transfronteiriço de dirigentes de associações juvenis de Castela e Leão (Espanha) e dos distritos de Castelo Branco e Guarda.
Na sessão de abertura, Conceição Ruão, vice-presidente do Instituto Português da Juventude (IPJ), lembrou que os jovens de ambos os lados da fronteira, “vivem problemas idênticos, pelo que é necessária a realização destes encontros para um conhecimento da realidade e sobretudo levar a experiência destes fóruns àqueles que aqui não puderam estar presentes”. “Temos jovens em zonas rurais com as mesmas aspirações e direitos, mas que não conseguem ter acesso a estes fóruns”, sublinhou.
Para Conceição Ruão, os jovens têm presentemente “bastante informação e oportunidades, mas existem várias lacunas em aspectos como o crescimento emocional no seio da família e com companheiros”.
Miguel Ortega, director da Direccion Regional da Juventud de Castilla y León, salientou que “os tempos em que vivemos”, são importantes para construção de uma Europa, onde as pessoas devem conhecer “as suas diferenças e particularidades”.
Relativamente a este primeiro encontro transfronteiriço, Ortega considerou “ser bastante interessante pela troca de experiências e pelo convívio, proporcionando no futuro um trabalho conjunto e profícuo, pois só assim é possível vivermos em comum”.
Um trabalho que pretende ser desenvolvido através de “um impulso político e de estruturas administrativas de ambos os países e respectivas regiões, na colaboração e elaboração deste tipo de eventos, cujo apoio das autarquias, associações juvenis e várias entidades se torna bastante precioso”, defende o responsável.
No que toca ao associativismo em Espanha, considera que “tal como acontece em todos os países da Europa Central, não tem sido desenvolvido naquilo que se pretende, dada falta de participação dos jovens nas organizações estruturais”, pelo que “este é um problema sério, que merece todo o esforço da União Europeia na participação e cooperação nas estruturas de juventude, para que possa existir uma maior incrementação dos jovens na vida associativa, tendo em vista os seus objectivos”.

Associativismo cresce na Guarda

Por sua vez, António Batista, delegado do IPJ da Guarda, considerou este evento juvenil, “bastante importante” naquilo que diz respeito “à troca de experiências e partilha de conhecimentos”, no aspecto do funcionamento das associações juvenis portuguesas e espanholas, nomeadamente em ambas as regiões.
Relativamente ao associativismo no distrito da Guarda, o delegado do IPJ, considera que existe um conjunto de associações juvenis que funcionam “extremamente bem”, com temas especifícos e planeados, onde se desenvolvem projectos de intervenção “com acções incluídas num plano de actividades”, desenvolvidas ao longo do ano.
No entanto, e por “diversos factores”, António Batista, adiantou que existem outras associações que se encontram “adormecidas ou em stand by ”, sendo pois o objectivo fundamental deste tipo de encontros, procurar dinamizar um conjunto de associações que neste momento se encontram “numa fase menos boa” e potenciar aquelas que “se encontram muito bem”, acrescentando que “tenho grandes expectativas relativamente ao movimento associativo juvenil no distrito da Guarda, dado que já fizemos um conjunto de intervenções no sentido de dinamizar as associações existentes e até surgirem outras, designadamente no concelho de Aguiar da Beira. É com agrado que já vejo um conjunto de jovens em torno de uma determinada temática, a quererem inscrever-se no Registo Nacional de Associações Juvenis”.

Próximo encontro em Castelo Branco

Miguel Nascimento, delegado do IPJ de Castelo Branco, considerou estas jornadas transfronteiriças, “importantes” pela sua troca de informações entre os dirigentes e jovens de ambos os países, permitindo deste modo, e no âmbito do Projecto Cojutra que as associações juvenis do distrito de Castelo Branco, “possam realizar acções conjuntas com os parceiros espanhóis, sendo este um aspecto positivo que sai deste primeiro encontro transfronteiriço”.
Neste âmbito, Miguel Nascimento deixou a garantia de que o próximo encontro entre os jovens portugueses e espanhóis, realizar-se-à em Castelo Branco.
No que toca ao movimento associativo português e espanhol, o responsável lembrou que, “o associativismo em Espanha é profissionalizado, havendo da parte das regiões autónomas e do Estado Central, uma preocupação muito grande com a informação juvenil e o seu enquadramento, enquanto que o associativismo juvenil no distrito de Castelo Branco e no País, encontra a sua riqueza no voluntariado e nas pessoas que desde há muito anos, sacrificam a sua família e o seu contexto profissional, para se dedicaram à causa da comunidade e do voluntariado”.
Deste modo, Miguel Nascimento, considera “existirem desigualdades bastante distintas”, adiantando no entanto ter conhecimento de que o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, “está muito empenhado em perceber e melhorar as políticas de informação juvenil. A partir destes encontros, poderemos influenciar e contribuir para uma decisão que é sempre política”.
O delegado do IPJ, acredita que no futuro, haverá a possibilidade de “estarmos em igualdade com os parceiros espanhóis”, porque “as nossas dificuldades por vezes são transformadas em mais valias. O nosso empenho, dinamismo, voluntariado e o apelo de intervenção social na comunidade, são muito fortes, e a partir daqui poderemos estabelecer o equilíbrio”.