O núcleo da Covilhã pretende dar apoio aos doentes e também promover acções de esclarecimento
Fibromialgia
Covilhã tem núcleo de doentes

O Núcleo de Doentes de Fibromialgia da Covilhã está a aumentar de dia para dia. Os responsáveis batem-se, agora, pela redução dos preços dos medicamentos para combater uma doença que levanta muitas interrogações e que não reúne consenso na comunidade médica.


NC / Urbi et Orbi


Ainda ninguém sabe dizer ao certo o que é, como aparece e porque se manifesta. Mas o que é certo é que, cada vez são mais os casos de fibromialgia no País. Caracterizada como uma “forma de reumatismo”, a doença afecta, principalmente, os músculos causando dores regulares e generalizadas por todo o corpo. Em 2002, e perante “a pouca informação que havia, mesmo no seio da comunidade médica”, surge a Associação Portuguesa de Doentes com Fibromialgia (APDF). Dois anos depois é formado o núcleo da Covilhã. Uma “filial” que começou com duas pessoas, mas que já vai em 24.
“O objectivo é ajudarmo-nos uns aos outros, conversando e partilhando experiências”, conta Ana Paula, fundadora da delegação serrana. A doença e as formas de tratamento ainda não reúnem consenso entre os médicos e, por isso, os membros do grupo conversam entre si e aconselham formas de aliviar as dores e de ultrapassar os obstáculos. O principal problema, conta a responsável do Núcleo, é “a desconfiança dos próprios médicos de alguns doentes e, em muitos casos, até mesmo da família”. As pessoas com fibromialgia, explica, “não ficam com aquele aspecto típico de pessoas doentes e, à primeira vista não aparentam ter nenhum problema”. Por isso, continua, “aos olhos dos que nos rodeiam estamos perfeitamente saudáveis e custa a acreditar que estamos com dores terríveis”.
Essa descrença, revela, acabou por ser a principal razão para a formação de uma delegação da APDF na cidade: “precisamos de conversar com alguém que nos compreenda, que esteja a passar pelo mesmo que nós”, desabafa Graça, um dos primeiros membros do Núcleo na cidade. A convivência com a doença é difícil, asseguram, mas “o mais complicado é, em alguns casos, lidar com a família e com os amigos, que não compreendem a situação”.
Para além das reuniões e dos convívios entre doentes, o objectivo do Núcleo é, agora, o de conseguir a redução dos preços dos medicamentos. Os fármacos variam de pessoa para pessoa, mas, em média, aponta Ana Paula, “deixamos cerca de 150 euros por mês na farmácia”.
Quanto a tratamentos, não há. Pelo menos específicos. “O que resulta com um paciente pode não resultar com o outro”, esclarece Ana Paula. “E os médicos vão receitando apenas medicamentos para aliviar as dores, porque não há um medicamento específico”.
Acompanhamento médico também não há na região. A Associação, no Porto, trabalha com médicos que dão consultas nesse âmbito, mas para ter acesso a elas, é necessário deslocar-se à cidade nortenha. O problema é que, as viagens são “demasiado longas e penosas, para uma pessoa que sobre de fibromialgia”, sublinha Graça. As outras alternativas também não são mais convidativas. Coimbra ou Lisboa ficam, sensivelmente, à mesma distância e implicam o mesmo problema. Ainda assim, “não temos outro remédio”, afirma, “e quando as crises são maiores temos mesmo que ir”.
Até há pouco tempo, as reuniões eram feitas no Hospital da Covilhã, mas o aumento do número de pessoas em cada encontro levou os responsáveis a procurar um espaço maior Actualmente o grupo reúne numa sala cedida pelo Académico dos Penedos Altos.